LISBOA (Reuters) - Milhares marcharam em Portugal nesta quinta-feira para comemorar uma revolução quase sem derramamento de sangue de 45 anos atrás, que encerrou uma ditadura de quatro décadas, mas políticos disseram que os progressos econômicos e sociais do país não estão à altura de seu avanço democrático.
O ditador António de Oliveira Salazar comandou Portugal de 1932 a 1968, mas seu regime só desmoronou em 25 de abril de 1974, na famosa Revolução dos Cravos que levou Portugal à democracia.
Nesta quinta-feira, em Lisboa, manifestantes jovens e idosos marcharam pelas ruas bradando "Fascismo nunca mais!"
Manifestantes também foram às ruas do Porto, a segunda maior cidade portuguesa, para comemorar a libertação do país, mas também para exigir mais direitos.
Portugal terá uma eleição geral em outubro.
Segurando um cravo vermelho, o símbolo da revolução, o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, disse a uma sala do Parlamento repleta de políticos e convidados que é preciso fazer mais para enfrentar os desafios mais urgentes do país.
"Queremos mais, muito mais, da nossa democracia social e cultural. Melhor, muito melhor da nossa democracia política e econômica", disse.
Catarina Martins, líder do Bloco de Esquerda, que apoia o governo socialista de minoria do primeiro-ministro, António Costa, disse à emissora pública RTP que "ainda há muitas batalhas a travar para se conquistar a igualdade".
O líder do oposicionista Partido Social Democrata (PSD), Rui Rio, também argumentou que a nação precisa de reformas, especialmente em seus sistemas eleitoral, político e de justiça.
Os socialistas de Costa devem vencer a eleição de outubro, mas podem ter dificuldade de obter uma maioria.
(Por Catarina Demony e Gonçalo Almeida)