Por John Irish e Maya Gebeily
PARIS (Reuters) - O primeiro-ministro interino do Líbano pediu em Paris nesta quinta-feira apoio para o Exército de seu país, o que ajudaria a garantir qualquer cessar-fogo, mas a falta de autoridades de alto escalão dos Estados Unidos na conferência francesa e a iminência de eleições nos EUA diminuíram as perspectivas de uma rápida interrupção dos combates.
Cerca de 70 delegações governamentais e 15 organizações internacionais se reuniram em Paris com o objetivo de arrecadar pelo menos 500 milhões de euros em ajuda humanitária e pressionar por um cessar-fogo, mas com os EUA concentrados em seus próprios esforços, os diplomatas disseram que esperam pouco progresso concreto.
"A tempestade que estamos presenciando atualmente é diferente de qualquer outra, porque carrega as sementes da destruição total, não apenas para o nosso país, mas também para todos os valores humanos", disse Najib Mikati, do Líbano, aos delegados.
Mikati afirmou que o apoio internacional será necessário para reforçar o Exército, incluindo novos recrutas, e para reconstruir a infraestrutura destruída do país.
A França tem laços históricos com o Líbano e tem trabalhado com Washington na tentativa de garantir um cessar-fogo.
Mas depois que Israel rejeitou um plano de cessar-fogo de 21 dias em setembro, a influência de Paris ficou limitada desde que Israel lançou seu ataque em larga escala contra o Hezbollah, apoiado pelo Irã, que matou mais de 2.000 pessoas e deslocou pelo menos 1,2 milhão.
Na abertura da conferência, o presidente da França, Emmanuel Macron, disse que não haveria um retorno ao passado no Líbano e que uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que não conseguiu manter a paz precisaria ser totalmente implementada.
"É preciso haver um cessar-fogo no Líbano. Mais danos, mais vítimas, mais ataques não possibilitarão o fim do terrorismo nem garantirão a segurança de todos", disse ele.
Apesar dos repetidos pedidos de cessar-fogo, não havia nenhum sinal de que o conflito estivesse diminuindo.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, que não compareceu à conferência de Paris, continuou sua turnê pelo Oriente Médio em um esforço final pela paz antes das eleições do próximo mês nos EUA, enquanto a potência regional Arábia Saudita, que tem relutado em se envolver no Líbano, enviou um ministro júnior.
Nem Israel, cujo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, criticou a iniciativa, nem o Irã foram convidados.
Macron disse que a França forneceria 100 milhões de euros em ajuda, enquanto a Alemanha afirmou que daria 96 milhões de euros. O Ministério das Relações Exteriores da França disse que o objetivo da conferência é arrecadar pelo menos 500 milhões de euros para ajudar principalmente até um milhão de desabrigados com alimentos, assistência médica e educação.
O Líbano diz que precisa de 250 milhões de dólares por mês para lidar com a crise.