Por Kylie MacLellan e Elizabeth Piper
LONDRES (Reuters) - O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, alertou o Parlamento nesta terça-feira que se o andamento do texto sobre o Brexit atrasar ele abandonará sua tentativa de ratificar o acordo para deixar a União Europeia e, em vez disso, pressionará por uma eleição.
Conforme o prazo para saída do Reino Unido da UE em 31 de outubro se aproxima, o Parlamento britânico permanece dividido sobre quando, como e até mesmo se o divórcio deve acontecer.
Depois de ser forçado por seus oponentes a pedir à UE por um adiamento, o que prometeu que nunca tentaria, Johnson está lutando para conseguir que o texto do acordo de última hora seja aprovado na Câmara dos Comuns.
Em mais um dia de grande drama, os parlamentares realizarão a votação por volta das 15h00 (horário de Brasília) na segunda das três leituras do projeto de acordo de saída de 115 páginas -- uma etapa processual que abre caminho para que a lei possa ser alterada.
Em seguida, eles votarão um cronograma extremamente apertado do governo para levar o texto para os próximos estágios para se tornar lei, com opositores dizendo que o governo não deixou tempo suficiente para estudar adequadamente o acordo.
Johnson alertou o Parlamento que se ele atrasar o Brexit novamente ao derrotar seu cronograma, ele irá retirar o texto e pressionará por uma eleição que disputará sob o lema "que o Brexit seja feito".
"O projeto terá que ser retirado", disse Johnson quando perguntado o que fará se o Parlamento o derrotar. "Teremos que avançar para uma eleição geral."
Johnson precisa do apoio do Parlamento para conseguir uma eleição antecipada, já que não está prevista até 2022. Uma fonte do Partido Trabalhista da oposição disse que só apoiará uma eleição se for acordado primeiro um adiamento do Brexit, para garantir que o Reino Unido não saia da UE sem um acordo antes da votação.
PERSPECTIVAS
A derrota em qualquer uma das votações desta terça-feira no Parlamento deverá atrapalhar os planos de Johnson de deixar a UE com um acordo em 31 de outubro. Se a UE oferecer um adiamento, ele será obrigado por lei a aceitá-lo, embora ministros do governo ainda não tenham descartado a possibilidade de sair sem um acordo nessa data.
Mesmo que Johnson vença ambas as votações nesta terça-feira, seus opositores no Parlamento podem ter outra chance de emboscar o governo com as alterações que podem destruir seus planos exigindo uma relação muito mais próxima de pós-Brexit com a UE.