Por Guy Faulconbridge e Elizabeth Piper
LONDRES (Reuters) - O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, iniciou nesta quinta-feira o que, na prática, é uma campanha eleitoral, qualificando uma aliança de partidos opositores que tenta impedir uma separação britânica da União Europeia sem um acordo como derrotistas rendidos ao bloco.
Mais de três anos depois de o Reino Unido decidir deixar a UE por meio de um referendo, o país ruma para uma eleição e o Brexit continua incerto – as opções vão de uma saída sem acordo turbulenta à desistência completa da iniciativa.
Após assumir o controle da câmara baixa do Parlamento na quarta-feira, uma aliança de partidos opositores e de rebeldes expulsos do Partido Conservador de Johnson votou para forçá-lo a pedir um adiamento de três meses para o Brexit, ao invés de desfiliar o país sem um pacto de saída no dia 31 de outubro, a data hoje estabelecida por lei.
Por trás do som e da fúria da crise do Brexit, uma eleição agora acena a uma nação polarizada.
As principais opções à disposição são a insistência radical de Johnson na partida em 31 de outubro, a qualquer preço, e a visão do socialista de esquerda Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista, somada à promessa de um novo referendo com a opção de permanecer na UE.
"Boris argumentará que agora é hora de as pessoas decidirem, já que o Parlamento as decepcionou, para que possamos resolver isto de uma vez por todas", disse um porta-voz do premiê.
"Jeremy Corbyn continua não somente a bloquear o Brexit, mas agora também está impedindo as pessoas de opinarem ao recusar uma eleição geral".
O opositor Partido Trabalhista classificou a linguagem de Johnson --inclusive chamar Corbyn de "covarde"-– como patética, disse que ele tenta imitar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o comparou a uma criança de 3 anos fazendo uma cena.
Uma eleição acrescenta mais uma reviravolta na crise do Brexit, que ofusca os assuntos da UE desde 2016, erodiu a reputação do Reino Unido como pilar de estabilidade do Ocidente e fez a libra esterlina oscilar diante da probabilidade de uma saída sem acordo.
Indagado se o Brexit acontecerá em 31 de outubro, o principal assessor de Johnson, Dominic Cummings, disse à Reuters: "Confiem no povo".
Johnson, o garoto-propaganda da campanha pró-desfiliação de 2016, pressiona por uma eleição em 15 de outubro, uma quinzena antes de o país romper com o bloco, mas siglas de oposição estão debatendo qual data aceitariam.
(Reportagem adicional de Andrew MacAskill e William Schomberg)