Por Drazen Jorgic e Mubasher Bukhari
LAHORE (Reuters) - O primeiro-ministro paquistanês deposto, Nawaz Sharif, e sua filha, Maryam, ambos enfrentando longas sentenças prisionais, foram presos minutos após desembarcarem no país nesta sexta-feira, quando retornaram buscando revitalizar seu partido antes de uma eleição em 25 de julho.
Destacando as tensões pelas quais o Paquistão passa no período até a votação, um homem-bomba matou mais de 100 pessoas em um comício algumas horas antes, no ataque de tal tipo mais mortal no país em mais de três anos.
“Estou ciente do fato de que serei preso, mas este é um preço muito pequeno a se pagar pela grande missão de salvar a santidade do voto no Paquistão”, disse Sharif à Reuters a bordo do avião, minutos antes de tocar solo na cidade central de Lahore.
Homens uniformizados escoltaram os Sharif, que foram sentenciados à revelia por acusações de corrupção na semana passada, para fora do voo comercial, e um porta-voz da Liga Muçulmana do Paquistão-N (PML-N) confirmou que eles foram presos pouco depois.
O retorno dos Sharif representa uma aposta de alto risco, mas que pode sacudir uma corrida eleitoral dilacerada por acusações de que o poderoso Exército paquistanês está trabalhando por trás das cenas para inclinar a disputa a favor do ex-jogador de críquete Imran Khan. Ele descreveu Sharif como um “criminoso” que não merece apoio.
Confrontos ocorreram na noite desta sexta-feira no ponto de entrada da principal rodovia para Lahore entre manifestantes pró-Sharif e policiais que haviam sido enviados em milhares, disse uma testemunha da Reuters. Não houve relatos imediatos de feridos.
A situação de segurança melhorou nos anos recentes no Paquistão, que possui armamento nuclear, mas a ameaça substancial ainda apresentada por militantes foi ilustrada pelo ataque em um comício eleitoral de um partido regional na província de Baluchistão, no sudoeste do país, que matou 128 pessoas.
O ataque a bomba foi o terceiro incidente de violência relacionada à eleição nesta semana.