Por Elizabeth Piper e David Milliken
LONDRES (Reuters) - A primeira-ministra britânica, Theresa May, conseguiu a aprovação no Parlamento a seu programa de governo com uma maioria apertada nesta quinta-feira, no primeiro teste de sua autoridade após um revés eleitoral e ante o aumento da pressão sobre sua agenda de austeridade e a proposta do governo para a saída do Reino Unido da União Europeia.
May voltou antecipadamente de uma viagem a Berlim e seu ministro da Defesa, Michael Fallon, deixou Bruxelas para a votação, reforçando a posição precária da premiê depois que seu Partido Conservador perdeu a maioria parlamentar em uma eleição antecipada convocada por ela para 8 de junho, em que esperava ampliar seu apoio no Parlamento.
Na quarta-feira, May viu ser derrubada uma tentativa do Partido Trabalhista, de oposição, de derrotá-la em uma votação sobre o pagamento do setor público, graças em parte ao apoio de um pequeno partido da Irlanda do Norte com o qual a premiê fechou um acordo para conseguir aprovar projetos do governo.
Também foi esse apoio que ajudou a primeira-ministra a obter votos suficientes para aprovar seu programa de governo, apresentado ao Parlamento por meio do Discurso da Rainha na semana passada, por 323 votos a 309.
"Essa é a forma com a qual pretendemos governar. Viver com os nossos meios, criando bons empregos, pagando bem às pessoas, investindo no futuro ao trabalhar com os empresários... implementando a vontade do povo britânico de deixar a UE em uma forma que seja ordeira e sensível", disse o ministro dos Negócios, Greg Clark, antes da votação.
"Votamos neste noite não apenas em um programa, mas em uma abordagem fundamental para o futuro deste país."
A votação não foi sem dificuldades. Partidos de oposição apresentaram emendas que testaram a lealdade dos aliados de May, e o governo teve de fazer uma concessão sobre direitos de aborto, disponibilizando recursos na Inglaterra para mulheres que chegam da Irlanda do Norte para realizar abortos, de forma a evitar uma derrota.
Outras emendas desafiaram a posição da premiê sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, exigindo que o país permaneça no mercado comum do bloco, e sobre as medidas de austeridade, criticando May por não investir no crescimento econômico. Ambas foram derrotadas.