Por William James e Kylie MacLellan
LONDRES (Reuters) - A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, conseguiu nesta segunda-feira superar o obstáculo final que existia entre ela e o início das negociações para a saída do país da União Europeia (UE), depois que os parlamentares aprovaram descartar as mudanças no projeto que lhe dá os poderes para começar o chamado Brexit.
Integrantes da câmara baixa do Parlamento derrubaram nesta segunda-feira as mudanças na legislação feitas pela câmara alta no início do mês, depois de o governo ter argumentado que precisava de liberdade para operar e alcançar um bom acordo.
Apesar de uma tentativa dos democratas liberais na câmara alta, a Câmara dos Lordes, de reintroduzir as condições, os lordes também aprovaram a legislação sem alteração na segunda-feira.
"Estamos agora no limiar da negociação mais importante para o nosso país em uma geração", disse o ministro do Brexit, David Davis, em um comunicado.
Antes do debate no Parlamento, Davis afirmou: "nós não vamos entrar nas negociações com as nossas mãos atadas”.
A Câmara dos Lordes, composta por representantes não eleitos, receosos de serem vistos como se estivessem tentando bloquear o resultado do referendo de junho último, decidiram não brigar pela segunda vez por mudanças.
Após a aprovação, o projeto será enviado para a rainha para a aprovação simbólica, o que poderia ocorrer já na terça-feira pela manhã, abrindo o caminho assim para Theresa May começar o período de dois anos de negociações, como estabelecido no Artigo 50 do Tratado de Lisboa da UE.
Um porta-voz da premiê indicou nesta terça, contudo, que ela deverá dar início ao processo mais perto do fim do mês.
A missão de Theresa May de negociar a saída britânica da UE se tornou mais complicada nesta segunda-feira, pois Nicola Sturgeon, primeira-ministra da Escócia, requisitou um novo referendo sobre a independência da região, para ser realizado no fim de 2018 ou início de 2019, assim que os termos do Brexit estiverem mais claros.
REBELIÃO EVITADA
Neste mês, o governo havia perdido duas votações chaves na Câmara dos Lordes, que acrescentaram emendas ao projeto da saída da UE. As mudanças garantiam os direitos dos cidadãos do bloco morando no Reino Unido e davam aos parlamentares mais poderes para rejeitar os termos finais do futuro acordo.
Contudo, David teve sucesso em evitar uma rebelião na câmara baixa de conservadores pró-UE que diziam que o Parlamento deveria ser capaz de impedir o governo de deixar as negociações sem um acordo.
Os parlamentares rejeitaram por 335 a 287 as garantias aos cidadãos da UE e por 331 a 286 a proposta de dar ao Parlamento uma maior influência em relação ao acordo final.