Por Angus Berwick e Sarah White
MADRI (Reuters) - O primeiro-ministro interino da Espanha, Mariano Rajoy, disse nesta segunda-feira que vai procurar seus adversários para formar um governo rapidamente depois que seu Partido Popular (PP) saiu fortalecido das eleições de domingo, embora tenha ficado longe de obter uma maioria parlamentar.
No momento em que a Europa inicia uma era de incertezas devido à desfiliação britânica da União Europeia, os partidos espanhóis estão sofrendo pressão para evitar as negociações longas e por fim infrutíferas que se seguiram a uma votação inconclusiva de dezembro.
Contrariando as expectativas, o PP foi a única legenda a avançar na legislatura sem partido majoritário, já que os eleitores preferiram voltar aos partidos convencionais e abandonaram novatos que se saíram bem no final do ano passado.
Mas, embora os resultados tenham dado ao PP algum ímpeto para as conversas com outros líderes, o partido ainda enfrenta opções difíceis –entre elas, tentar convencer o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), seu rival de longa data, a apoiar ou pelo menos permitir um governo de viés conservador.
O PP terminou o domingo com 137 cadeiras, mais que as 123 de dezembro, mas são necessárias 176 para uma maioria governar sozinha.
"O que a Espanha precisa, e precisa já, é um governo com um apoio parlamentar forte, capaz de gerar confiança dentro e fora da Espanha, capaz de encarar as reformas que a Espanha ainda precisa e dar estabilidade à Europa em um momento no qual ela precisa disso", afirmou Rajoy ao conclamar as outras legendas a se unirem a uma "grande coalizão" de partidos de centro-esquerda e centro-direita.
Rajoy disse ter esperança de fechar um acordo com outras agremiações para a composição de um gabinete nestes moldes dentro de um mês.
Partido liberal menor, o Ciudadanos, visto como um aliado mais natural do PP, conquistou 32 assentos. A aliança de esquerda anti-austeridade Unidos Podemos, que previsões colocavam adiante do PSOE, ficou em terceiro com 71 vagas.
Muitos eleitores revelaram a crença de que algum tipo de acordo será mais fácil de se obter agora que o PP está em uma situação melhor do que as pesquisas haviam previsto.
"Foi uma grande surpresa, mas agora pelo menos existe a chance de alguma estabilidade", disse o especialista em energia autônomo Fernando Cierva, de 52 anos, morador de Madri que contou ter votado no Ciudadanos.
(Reportagem adicional de Paul Day)