PARIS (Reuters) - O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, desafiou os críticos à esquerda e à direita nesta terça-feira ao declarar que vai levar adiante um projeto de reforma econômica próprio por meio de decreto, contornando o Parlamento mas expondo seu governo a um voto de não confiança.
O pacote, que inclui regras para ampliar os horários de comércio e desregular setores, tem o objetivo de estimular o crescimento e persuadir a Comissão Europeia a dar a Paris mais tempo para colocar as finanças públicas em linha com as regras da UE.
Embora as reformas liberalizantes sejam brandas pelos padrões de muitos países europeus, elas provocaram a revolta de dezenas de parlamentares no partido Socialista no poder, colocando a maioria do governo no legislativo a prova. É a primeira vez desde 2006 que qualquer governo usou um mecanismo constitucional para empurrar um projeto sem votação.
"Havia provavelmente uma maioria para esse projeto, mas não era certo, então decidi não arriscar – eu não poderia arriscar ver um plano tão crucial para nossa economia ser rejeitado", disse ele aos legisladores minutos antes do momento que estava marcado para a votação do projeto.
O principal partido de oposição, o conservador UMP, do ex-presidente Nicolas Sarkozy, propôs imediatamente uma moção de não confiança, que será debatida em uma votação dentro das próximas 48 horas, provavelmente na quinta. Caso a moção não tenha sucesso, torna-se obrigatória a adoção do decreto.
(Por Ingrid Melander)