Por Patricia Zengerle e Amanda Becker
WASHINGTON (Reuters) - A presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, qualificou Donald Trump como uma ameaça contínua à democracia norte-americana, e a Casa radicalmente dividida se envolveu em um debate sobre o impeachment antes da votação histórica sobre duas acusações de abuso de poder e de obstrução do Congresso contra o presidente republicano.
Controlada pelos democratas, a Câmara iniciou um debate planejado para durar seis horas em que tratará dos dois artigos de impeachment --ou acusações formais-- decorrentes das ações de Trump em relação à Ucrânia, e cujo tempo será fracionado igualmente entre os dois partidos sem direito a emendas.
Trump pode se tornar o terceiro presidente norte-americano a ser impedido na Câmara.
"Hoje estamos aqui para defender a democracia para o povo", disse Pelosi, a democrata mais graduada do Congresso, em um discurso no plenário da Câmara depois de ler o juramento de lealdade, o que lhe rendeu aplausos de parlamentares de seu partido.
Enquanto o debate prosseguia, Trump usou o Twitter para rotular os procedimentos a cargo dos democratas como "UMA AGRESSÃO À AMÉRICA" e ao seu partido.
Em uma série de discursos no plenário da Câmara, republicanos defenderam o presidente e acusaram os democratas de tentarem depô-lo usando um processo injusto e manipulado para anular os resultados da eleição de 2016.
Votações separadas de cada uma das acusações devem ocorrer no início da noite e seguir os alinhamentos partidários --democratas a favor e republicanos contra.
"Se não agirmos agora, estaríamos negligenciando nossa função. É trágico que as ações irresponsáveis do presidente tornem o impeachment necessário", acrescentou Pelosi.
"Ele não nos deu escolha. O que estamos debatendo hoje é o fato estabelecido de que o presidente violou a Constituição. É um fato que o presidente é uma ameaça contínua à nossa segurança nacional e à integridade de nossas eleições --a base de nossa democracia", disse Pelosi.
Depois de Pelosi, o deputado Doug Collins, o republicano mais graduado do Comitê Judiciário da Câmara, disse: "Este é um impeachment baseado na suposição. Isto também é basicamente um impeachment testado em pesquisas sobre o que realmente convence o povo americano... Justo é que não é. Sobre a verdade é que não é."