Por Natalia Zinets e Pavel Polityuk
KIEV (Reuters) - O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, disse nesta quinta-feira que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não tentou chantageá-lo durante uma conversa telefônica em julho ou um encontro em setembro.
Zelenskiy disse que não sabia que a ajuda militar dos EUA à Ucrânia havia sido suspensa na ocasião do telefonema. Tendo sido informado disso por seu ministro da Defesa mais tarde, ele abordou o assunto em uma reunião ocorrida na Polônia com o vice-presidente norte-americano, Mike Pence, em setembro.
A Câmara dos Deputados dos EUA iniciou um inquérito de impeachment contra Trump no qual analisa se ele usou um auxílio aprovado pelo Congresso para a Ucrânia como forma de induzir Zelenskiy a investigar o ex-vice-presidente Joe Biden, um dos principais rivais democratas de Trump na disputa eleitoral de 2020, em que buscará a reeleição.
Trump alegou, sem provas, que Biden realizou negócios indevidos na Ucrânia. Seu filho, Hunter, integrou o conselho da empresa de gás ucraniana Burisma.
Zelenskiy disse a repórteres que seu objetivo ao conversar com Trump por telefone era combinar uma reunião subsequente e que pediu à Casa Branca que mudasse sua retórica sobre a Ucrânia.
Ele disse que Kiev estava aberta a uma investigação conjunta sobre Biden, mas acrescentou que a Ucrânia é um país independente com agências de aplicação da lei independentes que não pode influenciar.
"Não houve chantagem. Isso não foi o tema de nossa conversa", afirmou Zelenskiy a respeito da conversa com Trump, falando aos repórteres em uma série de boletins televisionados à imprensa em uma praça de alimentação de Kiev ao longo do dia.
Ele disse que não houve condições para seu encontro com Trump, nem mesmo que ele deveria investigar as atividades de Hunter na Burisma.
A Casa Branca publicou seu sumário do telefonema em setembro. Indagado se a versão ucraniana combina com a dos EUA, Zelenskiy respondeu: "Nem verifiquei, mas acho que combina completamente".
Na quarta-feira, Biden pediu diretamente o impeachment de Trump pela primeira vez. O presidente, por sua vez, continuou a retratar o inquérito como uma difamação partidária e acusou o agente de inteligência dos EUA que arquivou a queixa de um delator que desencadeou o processo de impeachment de ter motivações políticas.
Zelenskiy disse não ter desejo de interferir na eleição norte-americana.