Por Khalid Abdelaziz
CARTUM (Reuters) - O presidente do Sudão, Omar al-Bashir, foi obrigado pelos militares a renunciar, nesta quinta-feira, após três décadas de poder autocrático, e medidas estão sendo providenciadas para formar um conselho de transição que administre o país, disseram fontes sudanesas.
Fontes do governo e o ministro da Produção e dos Recursos Econômicos, Adel Mahjoub Hussein, disseram à TV al-Hadath, cuja sede fica em Dubai, que o governo de Bashir havia chegado ao fim e que consultas estavam sendo realizadas para a configuração de um conselho militar.
Fontes sudanesas disseram à Reuters que Bashir, de 75 anos, estava na residência presidencial sob "forte vigilância". Um dos filhos de Sadiq al-Mahdi, o líder do maior partido de oposição do país, o Umma, disse à TV al-Hadath que Bashir estava em prisão domiciliar juntamente a "um número de líderes do grupo terrorista Irmandade Muçulmana".
Mais cedo nesta quinta-feira, a televisão estatal informou que os militares fariam um pronunciamento em breve. No entanto, horas depois, nenhuma declaração fora emitida, em meio a relatos de diferenças sobre a composição do conselho de transição.
Alguns manifestantes, que se uniram contra Bashir desde 19 de dezembro, afirmaram temer que o atraso permita o exílio do ex-presidente.
A televisão e a rádio estatais tocaram músicas patrióticas, um lembrete de como as tomadas militares de poder se desdobraram durante episódios anteriores de conflitos civis.
Tropas estavam presentes no Ministério da Defesa e nas principais vias e pontes da capital.
Milhares de pessoas correram para protestar contra o governo do lado de fora do ministério, enquanto grandes multidões tomaram as ruas no centro de Cartum, dançando e gritando slogans anti-Bashir. Os manifestantes gritavam: "Caiu, vencemos".
Os manifestantes pediram um governo civil e disseram que não aceitariam uma administração liderada por militares e figuras de segurança ou assessores de Bashir.
Omar Saleh Sennar, membro sênior da Associação de Profissionais do Sudão, um dos principais grupos de protesto, afirmou que estava aguardando o pronunciamento do Exército e esperava negociar com os militares uma transferência de poder de Bashir.
"Aceitaremos apenas um governo civil de transição", disse Sennar à Reuters.