NAIRÓBI (Reuters) - A nova presidente da Tanzânia, Samia Suluhu Hassan, disse nesta sexta-feira que o povo deveria se unir e não procurar culpados depois da morte de John Magufuli, seu antecessor cético da Covid-19, exortando o país do leste africano a olhar para frente com esperança e confiança.
Vestindo um hijab vermelho, ela fez o juramento de posse sob o Alcorão em uma cerimônia na Casa do Estado da capital comercial do país, Dar es Salaam. Ela é a primeira mulher chefe de Estado da nação de 58 milhões de habitantes.
Vice-presidente desde 2015, Hassan fez um discurso curto e contido depois de tomar posse, dirigindo-se a uma plateia majoritariamente masculina que incluiu dois ex-presidentes e oficiais uniformizados.
"Este é um momento para enterrar nossas diferenças e sermos um só como nação", disse. "Este não é um momento para se apontar culpados, mas um momento para dar as mãos e seguir em frente juntos".
Os comentários pareceram ter como meta dissipar um clima nacional de incerteza que se desenvolveu depois que Magufuli, criticado por oponentes por ser uma figura polarizadora e autoritária, desapareceu das vistas do público durante 18 dias até sua morte ser anunciada.
Sua ausência da vida nacional provocou especulações de que ele estava gravemente doente com Covid-19. Magufuli morreu de uma doença cardíaca, disse Hassan ao comunicar seu falecimento na quarta-feira.
Entre os primeiros desafios a serem enfrentados por Hassan, de 61 anos, estará a decisão de adquirir ou não vacinas contra Covid-19. Sob o comando de seu ex-chefe, o governo disse que não as obteria até os especialistas do próprio país as terem analisado.
O chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, enviou cumprimentos a Hassan pelo Twitter e disse que espera trabalhar com ela para manter a população a salvo da Covid-19. A Tanzânia parou de relatar dados sobre o coronavírus em maio do ano passado, o que frustrou a OMS.
Hassan também terá a tarefa de curar um país polarizado durante os anos Magufuli, disseram analistas. Ela pode ter dificuldades para formar uma base política para governar, já que facções concorrentes de seu partido governista disputam a primazia desde que Magufuli centralizou o poder, segundo analistas.
(Redação Nairóbi)