Por Joseph Ax
(Reuters) - Um homem do Missouri foi executado nesta terça-feira, de acordo com sua equipe jurídica, embora o escritório do promotor que garantiu sua condenação por assassinato há 21 anos tenha expressado dúvidas sobre a integridade do caso.
A Suprema Corte dos EUA, o último órgão que poderia ter interrompido a execução, recusou-se a intervir no caso nesta terça-feira.
Marcellus Williams, de 55 anos, foi morto por injeção letal pouco depois das 18h (horário local) em uma prisão na cidade de Bonne Terre, um dia após tanto o governador do Missouri, Mike Parson, quanto a mais alta corte do Estado rejeitarem suas últimas tentativas de evitar a execução.
Williams foi declarado culpado em 2003 pelo assassinato de Felicia "Lisha" Gayle, uma ex-repórter esfaqueada até a morte em sua casa, embora ele tenha garantido ser inocente.
O promotor do condado de St. Louis, Wesley Bell, da mesma promotoria responsável pela acusação original, tentou bloquear a execução devido a dúvidas sobre o julgamento.
"Mesmo para aqueles que discordam sobre a pena de morte, quando há uma sombra de dúvida sobre a culpa de um réu, a punição irreversível da execução não deveria ser uma opção", disse Bell em um comunicado.
Nos documentos judiciais, Bell questionou a confiabilidade das duas principais testemunhas do julgamento, concluiu que os promotores excluíram inadequadamente jurados negros por conta de sua raça e ressaltou que novos testes não encontraram vestígios do DNA de Williams na arma do crime.
Testes subsequentes revelaram na faca DNA de um promotor e de um investigador que trabalharam no caso e manusearam a arma sem luvas.
A contaminação da faca levou os promotores e os advogados de Williams a buscarem a um acordo em agosto, no qual ele não contestaria o veredito e, em troca, receberia uma sentença de prisão perpétua.
Mas o procurador-geral do Missouri, Andrew Bailey, se opôs ao acordo, e a Suprema Corte do Estado o bloqueou. Um juiz estadual manteve a condenação no início deste mês, concluindo que a falta de evidências na faca não era suficiente para estabelecer sua inocência.
A Suprema Corte do Missouri confirmou a decisão na segunda-feira. O governador Parson, um republicano, também rejeitou o pedido de clemência de Williams na segunda-feira.
"Nenhum júri ou tribunal, incluindo o julgamento, a apelação ou a Suprema Corte, jamais encontrou mérito nas alegações de inocência do sr. Williams" , disse em um comunicado.
"No final das contas, seu veredicto de culpado e a sentença de pena capital foram mantidos."
A advogada de Williams, Tricia Rojo Bushnell, do Midwest Innocence Project, disse em um comunicado mais cedo que a família de Gayle se opunha à execução de Williams.
"Isso não é justiça. E todos nós devemos questionar qualquer sistema que permita que isso ocorra", escreveu Bushnell. "A execução de uma pessoa inocente é a manifestação mais extrema da obsessão do Missouri com a 'finalidade' em detrimento da verdade, da justiça e da humanidade, a qualquer custo."
(Reportagem de Joseph Ax)