Por Daniel Ramos
LA PAZ (Reuters) - O presidente da Bolívia, Evo Morales, que sofreu sua primeira grande derrota eleitoral na semana passada, está enfrentando um escândalo que se agrava a cada dia relacionado a uma ex-namorada detida pela polícia no fim de semana.
Gabriela Zapata foi presa enquanto seu caso é investigado. Ela foi acusada de enriquecimento ilícito e tráfico de influência para ajudar uma empresa onde trabalhou a garantir contratos lucrativos com o governo.
Morales, que é solteiro, admite ter tido um relacionamento com Gabriela, mas as dúvidas que pesam a respeito do quão sincero ele foi sobre a relação estão afetando sua popularidade.
O assunto pode ter sido um fator relevante na derrota apertada da semana passada, quando o "não" venceu em um referendo no qual Morales pedia permissão para mudar a Constituição de forma a poder concorrer a um quarto mandato em 2019.
Primeiro presidente indígena da Bolívia e no cargo desde 2006, Morales foi elogiado por recorrer com prudência às receitas de gás natural de seu país, que ajudaram a reduzir a pobreza.
Mas as acusações de corrupção e de favorecimento no partido socialista de Morales vêm crescendo e erodindo seu apoio. No passado o líder indígena conseguiu se colocar acima das polêmicas, mas após o fiasco do referendo acusou a oposição de discriminação racial e de jogar sujo em sua campanha.
Mas as incertezas a respeito da ocasião em que o relacionamento com Gabriela Zapata terminou e da sobrevivência de um filho que o casal reconheceu ter tido ainda persistem, e têm levado alguns a se perguntarem se o mandatário enganou a população.
Morales vem dizendo que o romance terminou em 2007 e que a criança morreu ainda jovem.
Mas surgiram fotos na mídia que parecem mostrar o casal junto no ano passado, e no último final de semana a tia de Gabriela insistiu em dizer que o menino está vivo e bem, o que causou sensação na Bolívia.
Em uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira, Morales afirmou não saber que seu filho sobreviveu e pediu à família que esclareça a verdade.
"Seria uma alegria para mim se ele estivesse vivo", disse ela na coletiva no palácio presidencial em La Paz.