Por Sarah N. Lynch e Mark Hosenball e Mica Rosenberg e Brad Heath
WASHINGTON/NOVA YORK (Reuters) - O Departamento de Justiça dos Estados Unidos reagiu rapidamente e apresentou acusações federais contra 53 indivíduos acusados de violência durante protestos que ocorreram em todo o país pedindo o fim da brutalidade policial.
O secretário de Justiça, William Barr, prometeu reprimir membros do movimento antifascista, conhecido como antifa, e outros "extremistas" que culpou por ajudarem a atiçar a violência.
Mas um exame feito pela Reuters em registros de tribunais federais relacionados às acusações, postagens de alguns suspeitos em redes sociais e entrevistas com advogados de defesa e procuradores revelou atos de violência em sua maior parte desorganizados de pessoas que têm poucas conexões óbvias com grupos antifa ou outros de esquerda.
A Reuters só analisou casos federais, tanto por causa das alegações do Departamento de Justiça sobre o envolvimento de grupos antifa e semelhantes quanto porque acusações federais costumam implicar em penalidades mais severas. Em alguns dos documentos de acusação vistos pela Reuters, nem sequer existem alegações de atos de violência.
O Departamento de Justiça não quis comentar as descobertas da Reuters e se referiu a uma entrevista que Barr concedeu à rede Fox News na segunda-feira. Ele disse que, embora seu departamento esteja realizando algumas investigações sobre o antifa, ainda está na "fase inicial de identificar pessoas".
Saques e episódios de violência ocorreram em algumas das centenas de manifestações essencialmente pacíficas da semana passada, desencadeadas pela morte de George Floyd, um afro-norte-americano, no dia 25 de maio depois que um policial branco da cidade de Mineápolis o sufocou ajoelhando-se sobre seu pescoço durante quase nove minutos.
O policial, Derek Chauvin, foi acusado de homicídio doloso, e outros três agentes de cumplicidade.
Embora Barr e o presidente Donald Trump tenham denunciado diversas vezes o antifa, um movimento de antiautoritários de esquerda, como os principais instigadores dos tumultos, o termo não aparece em nenhum dos documentos federais de acusação analisados pela Reuters. É possível que mais indícios apareçam à medida que os casos progridem.
Só um grupo foi identificado pelo nome em uma queixa federal: o chamado movimento boogaloo, cujos seguidores acreditam em uma guerra civil iminente, segundo procuradores – alguns dos quais acusaram três homens filiados ao movimento de estourar explosivos em Las Vegas na esperança de provocar tumultos antes de um protesto.
Em três outras queixas federais, indivíduos falaram à polícia sobre suas inclinações ideológicas sem jurar lealdade a nenhum grupo em particular. A maioria dos acusados --cerca de 40-- foi acusada de atos de violência nos arredores das manifestações, segundo fotos e declarações juramentadas incluídas nas queixas criminais.
(Por Mica Rosenberg na Cidade de Nova York; Sarah N. Lynch, Mark Hosenball e Brad Heath em Washington; reportagem adicional de Jonathan Allen em Nova York)