Por Alexandra Ulmer e Maria Ramirez
CARACAS/PUERTO ORDAZ, Venezuela (Reuters) - A procuradora do Estado da Venezuela tem criticado impopulares planos do presidente Nicolás Maduro de criar um congresso de base, aprofundando uma rara divisão pública entre os socialistas governistas, à medida que dois meses de grandes protestos não mostram sinais de diminuição.
A procuradora-geral da Venezuela, Luisa Ortega, surpreendeu em março o país ao criticar o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela pela anulação de poderes da Assembleia Nacional, liderada pela oposição.
Desde então, ela tem sido um membro imprevisível do governo da Venezuela, acusado por opositores de tentar evitar eleições ao criar uma assembleia paralela com poderes de reescrever a Constituição.
Elias Jaua, autoridade do Partido Socialista venezuelano que está no comando do projeto da “Assembleia Constituinte”, confirmou nesta segunda-feira que Ortega escreveu a ele expressando descontentamento, em uma carta que havia sido vazada anteriormente nas redes sociais.
“É de minha autoridade explicar as razões pelas quais decidi não participar desta atividade”, afirma a procuradora, segundo a carta de duas páginas.
“Em vez de trazer estabilidade ou gerar um clima de paz, acho que irá acelerar a crise”, disse, mencionando que irá destacar incerteza e alterar a Constituição “imbatível” realizada sob comando do ex-líder Hugo Chávez.
Jaua reconheceu recebimento da carta de Ortega, mas rapidamente disse que ela estava meramente expressando uma “opinião política”, sem qualquer poder para alterar a situação.
“Consideramos que o único órgão que a Constituição da República Bolivariana da Venezuela dá poder para interpretar a Constituição é a câmara constitucional do Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela”, disse Jaua durante entrevista coletiva, em referência ao principal tribunal pró-governo.