Por Gabrielle Tétrault-Farber e Anton Zverev
MOSCOU (Reuters) - Procuradores da Rússia disseram nesta quinta-feira que não veem necessidade de uma investigação criminal sobre o adoecimento repentino de Alexei Navalny, crítico do Kremlin cujos apoiadores suspeitam que tenha sido envenenado, e que não encontraram sinal de que algum crime tenha sido cometido.
O Ministério do Interior disse que iniciou uma investigação preliminar do caso, mas que isso é rotineiro.
Navalny, de 44 anos, foi levado à Alemanha no sábado depois de desmaiar em um voo da cidade siberiana de Tomsk a Moscou. Atualmente, ele está em um coma induzido em um hospital de Berlim.
O hospital disse que seu exame médico inicial indicou um envenenamento, mas médicos russos que trataram Navalny em um hospital da Sibéria contradisseram este diagnóstico.
Nesta quinta-feira, a Procuradoria-Geral russa disse não haver indício de que se cometeu um crime contra ele e emitiu um comunicado afirmando que não viu justificativa para iniciar uma investigação criminal.
Autoridades alemãs concordaram em cooperar com a Rússia no caso, disse a Procuradoria-Geral, pedindo que a Alemanha compartilhe informações sobre seu tratamento e prometendo fornecer algumas em troca.
A filial siberiana da unidade de transporte do Ministério do Interior disse estar realizando uma investigação preliminar depois que o voo de Navalny fez um pouso de emergência em Omsk.
Ela inspecionou o quarto de hotel em que Navalny se hospedou em Tomsk e as rotas que ele percorreu na cidade, além de analisar imagens de câmeras de vigilância da área, disse. O ministério não encontrou nenhuma droga ou outras substâncias potentes.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, reiterou a posição governamental de que não existe necessidade de uma investigação formal, mas que verificações preliminares sempre são realizadas em tais situações.
Os apoiadores de Navalny acreditam que ele foi envenenado por seus inimigos. Ele é uma pedra no sapato do Kremlin há mais de uma década, expondo o que diz ser uma corrupção de alto nível e mobilizando multidões de jovens manifestantes.
Ele foi detido diversas vezes por organizar reuniões públicas e comícios, processado devido às suas investigações sobre corrupção e impedido de concorrer a presidente em 2018.
Nesta semana, o Kremlin disse que deseja que as circunstâncias do estado de Navalny venham à tona e que espera que o incidente não prejudique suas relações com o Ocidente.
Alemanha, França e outros países exortaram a Rússia a investigar, e ministros da União Europeia devem debater a situação de Navalny nesta semana.
(Por Anastasia Teterevleva, Maria Kiselyova e Anton Zverev)