BUENOS AIRES (Reuters) - A Procuradoria Geral da Argentina informou nesta sexta-feira que fechou um acordo com sua contraparte brasileira para obter depoimentos de delações no âmbito da operação Lava Jato.
O acordo, que exigiu árduas negociações durante meses, permitirá o avanço das investigações sobre a ramificação argentina da corrupção no Brasil, o que poderá comprometer funcionários de governos passados da Argentina e importantes empresários.
"A subscrição a este modelo de compromisso é um requisito necessário para acessar a prova judicial disponível no Brasil", afirmou a Procuradoria da Argentina, sob comando de Eduardo Casal, através de um comunicado.
Além disso, a declaração das testemunhas brasileiras também pode implicar em uma importante contribuição para o caso de corrupção que compromete empresários da construção e ex-funcionários da Argentina, que veio à tona nesta semana a partir do surgimento de cadernos com supostos detalhes de pagamentos de subornos.
"A informação dada em delações vai ser muito útil, será a ponta do novelo", disse à Reuters uma fonte da procuradoria, sob condição de anonimato.
Os procuradores que assinarem o convênio poderão obter declarações consideradas chaves para que avancem as investigações das tramas de corrupção que vêm se desenrolando durante os governos do ex-presidente Néstor Kirchner - falecido em 2010 - e sua esposa e ex-mandatária Cristina Kirchner.
Mas as provas obtidas a partir dessas delações não poderão ser usadas contra quem tiver "acordos de leniência" nem em processos judiciais separados dos que originaram as informações.
Em julho deste ano, as procuradorias gerais de ambos os países já tinham alcançado as bases para um acordo.
(Reportagem de Nicolás Misculin)