LIMA (Reuters) - Um promotor peruano solicitou nesta quinta-feira a prisão preventiva da candidata Keiko Fujimori por "descumprimento" de restrições em um caso de lavagem de dinheiro por contribuições ilegais de campanha, enquanto a candidata busca evitar a derrota nas apertadas eleições presidenciais do Peru.
O promotor José Domingo Pérez pediu prisão preventiva a um juiz alegando que Keiko mantém comunicações com testemunhas vinculadas a um suposto recebimento de pelo menos 1,2 milhão de dólares de empresas privadas para suas campanhas políticas em 2011 e 2016, quando concorreu à Presidência.
"Foi determinado mais uma vez que a acusada Fujimori Higuchi descumpriu a restrição de não se comunicar com as testemunhas; portanto, foi notado como fato público e notório que ela se comunica com a testemunha Miguel Torres Morales", informou ação judicial à qual a Reuters teve acesso.
Um assessor de imprensa do partido de Fujimori disse que não houve reação no momento, mas Torres, ex-parlamentar do partido da candidata e mencionado pelo promotor, negou estar envolvido no caso de lavagem de dinheiro.
"Não sou testemunha do caso de contribuições fraudulentas ou algo parecido. Contribuí (com a promotoria) em mais de uma ocasião, mas para questões completamente diferentes que nada têm a ver com a questão das contribuições", disse Torres em entrevista à rádio RPP após a ação do promotor.
Torres estava com Fujimori na quarta-feira quando anunciou que estava pedindo a nulidade de 500 mil votos após questionar o processo eleitoral, enquanto observadores internacionais afirmam que a votação foi realizada de forma transparente.
Em uma eleição presidencial polarizada, Keiko está atrás de seu rival socialista Pedro Castillo, que mantém uma vantagem estreita, mas constante, de 0,4% à medida que o fim da contagem oficial se aproxima.
O processo contra Keiko ainda não tem data para a audiência, e o promotor Pérez pediu 30 anos e 10 meses de prisão para a candidata e a dissolução de seu partido político, sob acusações que incluem crime organizado e obstrução da justiça depois de mais de dois anos de investigações.
Keiko Fujimori, filha do ex-presidente preso Alberto Fujimori, vinha sendo investigada por receber dinheiro da construtora brasileira Odebrecht e de algumas empresas peruanas.
A candidata já esteve duas vezes em prisão preventiva pelo caso. A primeira vez entre outubro de 2018 e novembro de 2019 e a segunda entre janeiro e maio do ano passado.
(Por Marco Aquino; reportagem adicional de Marcelo Rochabrun)