ESTOCOLMO (Reuters) - Promotores suecos declararam nesta terça-feira que irão reenviar um pedido para interrogar Julian Assange em função de uma alegação de estupro, acrescentando que seu caso não foi afetado por um veredicto da Organização das Nações Unidas (ONU) segundo o qual o ex-hacker foi detido arbitrariamente.
A Suécia tem sido frustrada em suas tentativas de questionar o fundador do site WikiLeaks desde que ele se refugiou na embaixada do Equador em Londres em 2012 para evitar a extradição para o território sueco, onde é procurado por causa da acusação de agressão sexual, que ele nega.
Assange, de 44 anos, afirma temer que a Suécia o extradite aos Estados Unidos, cujas autoridades se enfureceram quando sua organização vazou centenas de milhares de comunicações diplomáticas e militares secretas norte-americanas.
"Em relação ao relatório (da ONU) divulgado na semana passada, posso afirmar que ele não muda minha avaliação anterior contida na investigação preliminar", declarou a promotora a cargo do inquérito, Marianne Ny, em um comunicado.
O Grupo de Trabalho sobre Detenções Arbitrárias da ONU disse que Assange deveria ter permissão de deixar a representação equatoriana sem ser ameaçado de prisão na Grã-Bretanha e extradição para a Suécia.
Os governos britânico e sueco rejeitaram a decisão do Grupo e afirmaram que Assange decidiu permanecer na embaixada voluntariamente.
A procuradoria sueca disse que Marianne Ny está trabalhando em um novo pedido de interrogatório de Assange, já que o anterior foi recusado pelo Equador em janeiro.
"É um escândalo que a Suécia... desafie abertamente a decisão de um organismo importante da ONU", opinou Per Samuelson, advogado sueco que representa Assange, à Reuters.
O australiano Assange nega as alegações de que teria cometido um estupro na Suécia em 2010 e argumenta que a acusação é uma artimanha que mais adiante o levaria aos EUA, onde uma investigação criminal sobre as atividades do WikiLeaks ainda está aberta.
(Por Simon Johnson)