SANTIAGO (Reuters) - A prova geral para admissão nas universidades públicas e privadas no Chile foi parcialmente suspensa por protestos em sedes em todo o país, em meio à agitação social iniciada em outubro.
O acesso à educação de qualidade tem sido uma das demandas do movimento social, impulsionado originalmente por estudantes secundaristas. O mecanismo de admissão nas universidades através de um único teste é, de acordo com muitos especialistas, um sistema que segrega os alunos de acordo com sua origem social.
As autoridades educacionais suspenderam temporariamente o exame em pelo menos 64 dos mais de 700 locais autorizados devido a manifestações e distúrbios, mas garantiram que as pessoas atingidas poderão concluir o processo posteriormente.
"Esse grupo de jovens que foram afetados... terão uma solução, uma alternativa, para fazer a PSU (prova de seleção universitária)", disse o subsecretário de Educação, Juan Vargas, a jornalistas.
Cerca de 297.000 estudantes estavam inscritos para participar do processo, que ocorre na segunda e terça-feira em todo o país. A Assembleia Coordenadora de Estudantes Secundaristas (Aces) fez um apelo para que seja mantido o boicote contra a prova, que eles consideram discriminatória.
"Continuaremos nas ruas contra a educação de mercado e lutando por um país onde pobres possam estudar sem... segregação", publicou a organização em sua conta no Twitter.
O governo informou que 81 pessoas foram detidas por incidentes relacionados a protestos contra a prova. O exame, originalmente previsto para meados de novembro, foi adiado duas vezes devido aos contínuos protestos desencadeados pelo aumento do preço do transporte, mas que resultaram em várias demandas em relação a pensões, saúde e educação, entre outras.
Os protestos deixaram pelo menos 26 mortos, milhares de detidos e danos materiais substanciais à infraestrutura pública e privada.
(Reportagem de Fabián Andrés Cambero)