Por Jennifer Hiller e Gary McWilliams
HOUSTON (Reuters) - Manifestantes voltarão às ruas de todos os Estados Unidos nesta quarta-feira, um dia após o funeral de George Floyd, cuja morte sob custódia da polícia desencadeou o maior aumento de ativismo antirracista desde a era dos direitos civis nos anos 1960.
Centenas de manifestantes de Seattle, cidade da costa oeste do país, encheram a prefeitura no início da manhã pedindo a renúncia da prefeita e reformas na polícia.
Mais protestos são esperados de Atlanta à cidade de Nova York e Los Angeles no que será o 16º dia seguido de manifestações.
Em Washington, um dos irmãos de Floyd deve falar em uma comissão parlamentar comandada por democratas nesta quarta-feira agora que parlamentares estão confrontando os temas da violência policial e da injustiça racial.
Na terça-feira, no funeral realizado em Houston, o ativista veterano dos direitos civis e reverendo Al Sharpton disse aos presentes que Floyd agora é "o pilar de um movimento que mudará o mundo inteiro".
Sharpton disse que a família Floyd liderará uma marcha em Washington no dia 28 de agosto para comemorar o 57º aniversário do discurso "Eu Tenho um Sonho" realizado pelo líder de direitos civis Martin Luther King Jr., que foi assassinado em 1968, nos degraus do Memorial a Lincoln.
Floyd, de 46 anos, morreu depois que um policial branco o sufocou ajoelhando-se sobre seu pescoço durante quase nove minutos no dia 25 de maio em uma rua da cidade de Mineápolis.
O policial Derek Chauvin, de 44 anos, foi acusado de homicídio doloso, e outros três agentes de cumplicidade.
A morte de Floyd provocou uma onda de protestos contra o racismo e os maus tratos sistemáticos de pessoas negras em cidades dos EUA.
Ela também inspirou protestos antirracismo em vários países da Europa. No Reino Unido, que tem seu próprio legado conflituoso de ex-império, estátuas de figuras históricas ligadas ao comércio de escravos foram derrubadas ou retiradas.
Embora essencialmente pacíficos, os protestos têm sido ofuscados por incêndios criminosos, saques e choques com a polícia, cujas táticas frequentemente truculentas atiçaram a revolta.
O furor também lançou o presidente Donald Trump em uma crise política. Ele ameaçou diversas vezes adotar ações duras para restaurar a ordem, mas tem tido dificuldade de unir a nação e sido incapaz de tratar da questão de desigualdade racial.
Durante uma cerimônia de quatro horas transmitida ao vivo de uma igreja de Houston, cidade em que Floyd cresceu, familiares, lideranças religiosas e políticos fizeram um apelo aos norte-americanos a transformarem a tristeza e a revolta em um momento de acerto de contas da nação.
Cerca de 2.500 pessoas compareceram ao funeral depois de mais de 6 mil passarem para ver o caixão aberto de Floyd na segunda-feira.
(Reportagem adicional de Gabriella Borter em Nova York, Rich McKay em Atlanta e Sabahatjahan Contractor em Bengaluru)