BOGOTÁ (Reuters) - Manifestantes tomaram as ruas da Colômbia nesta quinta-feira para um quinto dia de manifestações por questões incluindo reformas econômicas, violência policial e corrupção, enquanto o presidente Iván Duque estava pronto para se reunir com líderes sindicais e empresariais.
Os protestos começaram com uma manifestação de 250 mil pessoas na semana passada e têm sido marcados por amplos "panelaços" nos bairros --marcando a tradicional forma de protesto latino-americano na qual as pessoas batem em potes e panelas para fazer barulho.
Manifestantes de todas as idades se declaram contrários a supostos planos econômicos como um corte nos salários mínimos para jovens, medida que Duque nega apoiar. Eles também ressaltam o que dizem ser uma falta de ação do governo para impedir os assassinatos de centenas de ativistas dos direitos humanos.
Duque prometeu um "grande diálogo nacional" focado em questões sociais e na luta contra a corrupção para os próximos meses, e convidou os cidadãos a submeterem suas propostas sobre como melhorar a Colômbia. O presidente deve se encontrar com representantes do empresariado e do sindicatos, que organizaram a primeira manifestação.
Muitos manifestantes também estão exigindo que o governo implemente totalmente um acordo de 2016 feito com os rebeldes Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o qual Duque tentou modificar mas não teve sucesso.
As táticas utilizadas pelos batalhões de choque para dispersar as manifestações, incluindo o uso de bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral, enfureceram muitas pessoas, incluindo o manifestante Dilan Cruz, de 18 anos, que ficou gravemente ferido na tarde de sábado.
As manifestações foram amplamente pacíficas, apesar de incidentes isolados de vandalismo em algumas horas e da aplicação de toques de recolher em Bogotá e Cali.
O governo disse que três pessoas foram mortas depois dos protestos de quinta-feira em incidentes que, segundo a polícia, envolveram vandalismo e saques. Mais de 340 policiais ficaram feridos até agora.
A agência de imigração da Colômbia disse na segunda-feira que deportou 59 venezuelanos que estavam "participando de uma série de atividades que colocavam a ordem pública e a segurança nacional em risco".
A agência disse que respeitava o direito à livre manifestação, mas se recusou a permitir as ações de alguns para afetar a segurança ou gerar xenofobia. Há cerca de 1,4 milhão de venezuelanos vivendo na Colômbia.
O governo de Duque tem sido marcado por problemas desde que ele assumiu o poder, há 16 meses, incluindo embates com o Congresso, baixos números de aprovação e iniciativas legislativas fracassadas.
Os protestos coincidem com manifestações em outros países da América Latina, desde as marchas contrárias às medidas de austeridade no Chile, as tensões inflamadas no Equador e na Nicarágua e os protestos contra as eleições fraudadas na Bolívia e que levaram à renúncia do presidente Evo Morales.
(Reportagem de Julia Symmes Cobb, reportagem adicional de Nelson Bocanegra)