Por Elaine Lies
TÓQUIO (Reuters) - O príncipe herdeiro do Japão, Naruhito, disse nesta terça-feira que irá se devotar "de corpo e alma" ao posto de imperador, poucos dias depois da aprovação de uma lei que permite que seu pai abdique ao trono, o que marcaria a primeira abdicação de um imperador japonês em dois séculos.
O imperador Akihito, que tem 83 anos e passou por uma cirurgia cardíaca e um tratamento de câncer na próstata, disse no ano passado, em comentários públicos raros, que teme que a idade lhe dificulte continuar no cumprimento de suas tarefas.
Na sexta-feira, o Parlamento do Japão aprovou uma lei que irá permitir que Akihito se retire e seja sucedido por Naruhito, de 57 anos, o que irá acontecer no final de 2018 ou início de 2019, segundo reportagens.
Akihito, o primeiro imperador que nunca foi considerado divino, trabalhou em casa e no exterior durante décadas para sanar as feridas da Segunda Guerra Mundial e lutou em nome de seu pai, Hirohito -- um trabalho que Naruhito, que contou ter ficado "extremamente comovido" pelo desejo de seu pai de renunciar, disse que irá continuar.
"O imperador trabalha há muitos anos, tomando cada tarefa a peito e com extrema seriedade, servindo como um símbolo do povo e buscando sinceramente a maneira apropriada de ser de um imperador", disse Naruhito em uma coletiva de imprensa antes de uma visita à Dinamarca.
Falando em seu palácio no coração de Tóquio, Naruhito acrescentou: "Pretendo me devotar de corpo e alma às obrigações que ele me passar".
Naruhito, que defende causas ambientais e pediu que os homens sejam mais atuantes como pais, será o primeiro imperador japonês a receber um diploma universitário -- no caso, da Universidade Gakushuin, em Tóquio.
Ele desafiou autoridades palacianas para se casar com Masako Owada, uma diplomata graduada em Harvard e Oxford. Masako, de 53 anos, vem sofrendo de depressão devido ao estresse da vida palaciana e à exigência de que produza um herdeiro real, e suas aparições públicas foram limitadas nos últimos anos.
Naruhito disse que Masako também foi convidada para visitar a Dinamarca, mas que, devido às exigências da viagem, além das tarefas em casa, decidiu-se que ele irá sozinho.
"Masako continua em tratamento e, enquanto cuida da saúde, se esforça para realizar o máximo possível, mas ainda tem altos e baixos em seu estado, por isso o que ela pode fazer – incluindo viagens ao exterior – não pode ser ampliado rapidamente", disse.