Por Vladimir Soldatkin e Andrew Osborn
MOSCOU (Reuters) - O presidente russo, Vladimir Putin, disse na quinta-feira que está pronto para chegar a um acordo sobre a Ucrânia em possíveis conversas com o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o fim da guerra e que não tem condições de iniciar conversas com as autoridades ucranianas.
Trump, um autointitulado mestre em intermediar acordos e autor do livro de 1987 "Trump: the Art of the Deal", prometeu acabar rapidamente com o conflito, mas ainda não deu detalhes sobre como ele pode conseguir isso.
Putin, respondendo a questões na TV estatal durante sua sessão anual de perguntas e respostas com os russos, afirmou a um repórter de um canal de notícias dos EUA que está pronto para se encontrar com Trump, com quem ele disse não falar há anos.
Questionado sobre o que ele poderia oferecer a Trump, Putin rejeitou uma afirmação de que a Rússia está em uma posição fraca, dizendo que a Rússia ficou muito mais forte desde que ele ordenou envio de tropas para Ucrânia em 2022.
"Sempre dissemos que estamos prontos para negociações e compromissos", declarou Putin.
"Em breve, os ucranianos que querem lutar acabarão, na minha opinião, em breve não haverá mais ninguém que queira lutar. Estamos prontos, mas o outro lado precisa estar pronto para negociações e compromissos."
A Reuters informou no mês passado que Putin estava aberto a discutir um acordo de cessar-fogo na Ucrânia com Trump, mas descartou fazer grandes concessões territoriais e insistiu que Kiev abandone suas ambições de se juntar à Otan.
Putin disse na quinta-feira que a Rússia não tem condições de iniciar negociações com a Ucrânia e está pronta para negociar com qualquer um, incluindo o presidente Volodymyr Zelenskiy.
GUERRA
Putin afirmou ainda que as forças russas estão avançando para atingir seus objetivos primários no campo de batalha na Ucrânia e elogiou o que ele disse ser a invencibilidade do novo míssil hipersônico da Rússia.
"Devo dizer que a situação está mudando drasticamente... Há movimento ao longo de toda a linha de frente. Todos os dias", declarou ele.
Analistas militares ocidentais e russos dizem que a Rússia está avançando no leste da Ucrânia no ritmo mais rápido desde 2022, tomando vilarejo após vilarejo e ameaçando cidades estrategicamente importantes, como Pokrovsk, um importante centro rodoviário e ferroviário.
"Nossos combatentes estão recuperando território por quilômetro quadrado todos os dias", disse Putin.
Ele afirmou que a luta é complexa, por isso é "difícil e inútil adivinhar o que está por vir... (mas) estamos avançando, como você disse, para resolver nossas tarefas primárias, que delineamos no início da operação militar especial".
"Todos estão lutando, literalmente de forma heroica. E estão lutando agora mesmo. Vamos desejar a todos eles... boa sorte, vitória e que voltem para casa", disse.
Ao abordar a presença contínua das forças ucranianas na região russa de Kursk, Putin disse que as tropas de Kiev serão definitivamente forçadas a sair, mas se recusou a dizer exatamente quando isso aconteceria.
Putin também elogiou o que ele disse ser a invencibilidade do míssil hipersônico "Oreshnik", que a Rússia já testou e disparou contra uma fábrica militar ucraniana, dizendo que estava pronto para organizar outro lançamento contra a Ucrânia e ver se os sistemas de defesa aérea ocidentais conseguiriam abatê-lo.
"Não há chance de abater esses mísseis", declarou Putin.
"Que os especialistas ocidentais nos proponham, e que eles proponham àqueles no Ocidente e nos EUA que os pagam por suas análises, a realização de algum tipo de experimento tecnológico, digamos, um duelo de alta tecnologia do século 21."
"Que eles determinem um alvo para destruição, digamos em Kiev, concentrem todas as suas forças de defesa aérea e de defesa antimísseis lá, e nós atacaremos com o Oreshnik e veremos o que acontece. Estamos prontos para esse experimento, mas será que o outro lado está pronto?", disse ele.