MOSCOU (Reuters) - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, abriu nesta terça-feira a porta para mudanças constitucionais que lhe permitiriam ficar no poder até 2036, apesar de dizer que tem receio das emendas.
Putin, que em janeiro revelou uma grande reformulação da política russa e uma reforma da Constituição, tem a obrigação constitucional de deixar o poder em 2024, quando seu quarto mandato presidencial e segundo consecutivo termina.
Mas ao falar nesta terça-feira à Duma, a câmara baixa do Parlamento, Putin deu o que insinuou ser sua bênção relutante a uma proposta de mudança constitucional que zeraria formalmente sua contagem de mandatos presidenciais.
"A proposta de retirar as restrições para qualquer pessoa, incluindo o presidente atual... em princípio, esta opção seria possível, mas com uma condição – se o tribunal constitucional der um parecer oficial de que tal emenda não contraria os princípios e as cláusulas principais da Constituição", disse Putin.
A medida, se adotada e aprovada em um plebiscito nacional em abril, habilitaria Putin a cumprir mais dois mandatos seguidos de seis anos, até 2036, quando estaria com 83 anos.
Hoje com 67 anos, o ex-agente da KGB também já foi primeiro-ministro da Rússia, dominando a paisagem política do país há duas décadas.
Críticos o acusam de tramar para usar mudanças na Constituição para se manter no poder depois de 2024. Putin não delineou quais são seus planos depois desta data, mas disse que não é favorável à prática dos tempos soviéticos de manter líderes no poder até a morte.