LONDRES (Reuters) - O presidente russo, Vladimir Putin, assinará documentos formais na sexta-feira proclamando a anexação de quatro regiões ucranianas pela Rússia, enquanto Moscou corre para bloquear reivindicações territoriais que o Exército ucraniano está ameaçando reverter no campo de batalha.
A medida, um dos passos legais que, segundo a Rússia, levará à anexação formal de 15% do território da Ucrânia, confirma que Putin está ampliando as apostas na guerra contra a Ucrânia, apesar de ter sofrido uma grande reversão militar este mês.
A anexação, após o que Kiev e países ocidentais dizem ter sido referendos falsos encenados sob a mira de armas em território ucraniano controlado pela Rússia, tem sido rejeitada no Ocidente como uma apreensão ilegal de terras capturadas na guerra.
Washington e a União Europeia devem impor sanções adicionais à Rússia por causa do plano, e até mesmo alguns dos aliados tradicionais próximos da Rússia, como Sérvia e Cazaquistão, dizem que não reconhecerão a anexação.
A cerimônia de anexação de Putin será realizada em um dos maiores salões do Kremlin com as figuras pró-Rússia que Moscou considera líderes das quatro regiões ucranianas - Kherson, Zaporizhzhia, Donetsk e Luhansk. A Rússia diz que os referendos foram genuínos e mostraram apoio público à medida.
Após dias de especulação sobre como exatamente a Rússia marcaria a anexação, o porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, confirmou alguns detalhes da cerimônia nesta quinta-feira.
Acordos "sobre a adesão de novos territórios à Federação Russa" serão assinados "com todos os quatro territórios que realizaram referendos e fizeram pedidos correspondentes ao lado russo", disse Peskov.
Putin fará um grande discurso sobre o assunto, acrescentou.
Um grande show de rock será realizado na sexta-feira na Praça Vermelha de Moscou, onde uma tribuna com telas de vídeo gigantes já foi montada, com outdoors proclamando "Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia, Kherson - Rússia!"
Peskov não disse se Putin fará uma aparição no show. Ele fez isso em um evento semelhante em 2014, depois que a Rússia proclamou que havia anexado a região da Crimeia, na Ucrânia.
Putin apoiou publicamente os planos de anexação em um discurso na semana passada, no qual também anunciou a convocação de centenas de milhares de reservistas russos e alertou que poderia usar armas nucleares para defender o território russo, se necessário.
Com dezenas de milhares de russos fugindo para o exterior para escapar da convocação militar de Putin, a Finlândia fechou uma das poucas rotas restantes para a Europa, dizendo que não permitirá mais a entrada de russos por terra com vistos de turista da UE.
O chefe da câmara alta do Parlamento russo disse que a câmara poderia analisar a incorporação das quatro regiões em 4 de outubro, três dias antes do aniversário de 70 anos de Putin.
O que a Rússia está anunciando como uma celebração vem depois que Moscou enfrentou seus piores reveses na guerra, com suas forças derrotadas nas últimas semanas no nordeste.
Alguns especialistas militares dizem que Kiev está prestes a impor outra grande derrota, cercando gradualmente a cidade de Lyman, o principal bastião remanescente da Rússia na parte norte da província de Donetsk. Sua queda pode abrir caminho para que as forças ucranianas lancem ataques em faixas de território que a Rússia agora pretende anexar.
"A situação parece cada vez mais precária para as forças russas em Lyman, já que as forças ucranianas estão prestes a barrá-las", disse Carl Bildt, ex-primeiro-ministro sueco, no Twitter.