Por Stephen Eisenhammer
BARRA LONGA, Minas Gerais (Reuters) - O que era esperado para ser uma pequena onda veio com tanta força que reverteu o fluxo do rio que corre pela cidade brasileira de Barra Longa, em Minas Gerais, importante Estado produtor de minério do Brasil.
A onda de lama, de duas barragens de uma mina de minério de ferro que se romperam na quinta-feira, atingiu a cidade a cerca de 80 quilômetros do local do incidente no meio da noite, 10 horas após o primeiro rompimento.
As autoridades disseram aos moradores que o nível do rio subiria apenas dois metros. Mesmo o policial local que cuidava das preparações não removeu seus pertences de sua própria casa. Ao invés disso, o rio subiu 15 metros, mudando brevemente seu curso e inundando dezenas de casas ao longo de suas margens, incluindo a do oficial.
"Se eles tivessem me avisado que seria tão ruim assim, eu teria salvo algumas coisas, como a TV", disse Losangeles Freitas, 48, outra moradora que passou a noite com a família em partes mais altas.
Não há registros de pessoas desaparecidas em Barra Longa, mas mais próximo das barragens duas vítimas foram confirmadas mortas e 28 pessoas estão desaparecidas.
A mineradora Samarco, que é uma joint venture entre as gigantes da mineração Vale e BHP Billiton, disse ainda não saber a causa do desastre.
Lama grossa estava assentando como concreto no calor de sábado, enquanto moradores limpavam com pá suas casas, um hotel e um supermercado.
Uma escavadeira escorregava, tentando limpar a entrada de alguns dos edifícios mais afetados.
Enquanto a lama secava, o ar ficava mais espesso com a poeira e moradores vestiam máscaras para proteger seus pulmões.
Um adolescente conseguiu encontrar humor em meio ao desastre.
"Pelo menos agora temos praia", disse, olhando para fora da janela, com os bancos de lama, a cerca de 400 quilômetros da costa atlântica brasileira.
Para outros, questões sérias continuavam sem resposta sobre por que os alertas foram tão imprecisos.
Na casa de Bernardo Trinidade, 58, uma marca d'água de cerca de dois metros de altura mostra até onde o rio subiu. Quando a água recuou, lama cobria o chão. O quintal ficou como um pântano.
"Eu não vou nem tentar limpar", disse Trinidade. "Eu quero que a empresa e o governo me ajudem."