MOGADÍSCIO (Reuters) - Enchentes forçaram quase 250 mil pessoas a fugir de suas casas depois que o rio Shabelle, na região da Somália, transbordou e submergiu a cidade de Beledweyne, mesmo enquanto o país enfrenta a seca mais severa das últimas quatro décadas, segundo o governo.
Agências de ajuda humanitária e cientistas alertaram que as mudanças climáticas estão entre os principais fatores que aceleram as emergências humanitárias, enquanto os afetados são alguns dos menos responsáveis pelas emissões de CO2.
Chuvas sazonais na Somália e rio acima nas terras mais altas da Etiópia provocaram inundações repentinas que destruíram casas, plantações e criações de gado, e escolas e hospitais foram temporariamente fechados em Beledweyne, capital da região de Hiraan, disseram moradores locais.
"De repente, a cidade inteira estava debaixo d'água. A própria Beledweyne tornou-se como um oceano", disse o lojista Ahmed Nur, cuja empresa foi inundada pela enchente. "Só se viam os telhados das casas. Usamos pequenos barcos e tratores para resgatar pessoas", disse.
Nur está morando com parentes na periferia da cidade que, semanas antes, comemorava o fim da seca incapacitante.
"A chuva veio, ficamos felizes. As pessoas plantaram seus cultivos", disse.
Desde meados de março, as inundações afetaram mais de 460 mil em todo o país e mataram 22 pessoas, de acordo com relatório do escritório humanitário da ONU (Ocha).
A Agência de Gestão de Desastres da Somália disse que apenas as inundações em Beledweyne causaram o deslocamento de mais de245 mil pessoas.
(Reportagem de Abdi Sheikh)