Por Patricia Zengerle e David Morgan
WASHINGTON (Reuters) - Os colegas republicanos do presidente Donald Trump no Senado dos Estados Unidos sofreram nova pressão, na segunda-feira, para permitir testemunhas no julgamento de impeachment, enquanto a equipe jurídica de Trump ignorou as revelações de um ex-assessor da Casa Branca.
O elefante na sala no segundo dia de argumentação da defesa do presidente foi John Bolton, o ex-assessor de segurança nacional cujo manuscrito não publicado, segundo o New York Times, inclui revelações que estão no cerne da acusação de abuso de poder contra Trump.
Bolton escreveu que Trump disse a ele que queria congelar 391 milhões de dólares em auxílio de segurança para a Ucrânia até Kiev ajudar nas investigações sobre democratas, incluindo o rival político Joe Biden e seu filho Hunter Biden, informou o Times.
As revelações de Bolton levaram a novos pedidos dos democratas para que Bolton e outras testemunhas prestem depoimento. Trump é acusado de abusar do poder ao buscar interferência estrangeira em uma eleição nos EUA e de obstruir o Congresso.
Os advogados de Trump disseram depois de sete horas de argumentos que retomariam sua explanação na terça-feira.
O senador republicano Mitt Romney, um moderado que por vezes criticou Trump, afirmou que há uma probabilidade crescente de que pelo menos quatro senadores republicanos optem por convocar Bolton para testemunhar, o que daria aos democratas os votos necessários no Senado, liderado pelos republicanos, para convocá-lo.
O Senado pode resolver a questão de convocar testemunhas em uma votação na sexta ou no sábado. Os democratas disseram que o manuscrito de Bolton torna ainda mais premente a convocação de Bolton como testemunha pelo Senado.
A Câmara dos Deputados, liderada pelos democratas, aprovou impeachment de Trump no mês passado, iniciando o julgamento no Senado sobre se ele deve ser afastado do cargo. A previsão é de que Trump seja absolvido no Senado, de 100 cadeiras, onde os republicanos ocupam 53 lugares.
A Casa Branca ordenou que funcionários atuais e antigos do governo não prestassem depoimento ou documentos no inquérito que antecedeu o julgamento, e os republicanos do Senado até agora se recusaram a permitir testemunhas ou novas evidências.
O senador Ted Cruz, um firme defensor de Trump, disse que o livro de Bolton não "impactaria a questão jurídica diante deste Senado".
A equipe jurídica de Trump retomou na segunda-feira a apresentação de argumentos de abertura no julgamento e Bolton mal foi mencionado. Em uma aparente referência ao vazamento do manuscrito, o advogado de Trump Jay Sekulow disse: "Lidamos com informações publicamente disponíveis. Não lidamos com especulações, alegações que não são baseadas em padrões probatórios".
(Reportagem de Patricia Zengerle, David Morgan, Richard Cowan, Susan Cornwell, Karen Freifeld, Makini Brice, Lisa Lambert em Washington e Trevor Hunnicut, em Iowa)