Por Jon Nazca e Jordi Rubio e Isla Binnie
BARCELONA (Reuters) - Centenas de milhares de manifestantes acenando com bandeiras pró-independência foram a Barcelona nesta sexta-feira, o quinto dia de protestos às vezes violentos contra a prisão de líderes separatistas catalães.
Embora a grande maioria das manifestações tenha sido pacífica, algumas centenas de jovens mascarados se chocaram com a polícia espanhola no centro da cidade no final da tarde, interditando um bulevar amplo com latões de lixo em chamas e atirando pedras contra as forças de segurança.
Transeuntes correram para se abrigar nas entradas das lojas enquanto vans da polícia tentavam liberar a rua em vão e o batalhão de choque disparava granadas de fumaça na direção dos agitadores.
As estradas que levam à cidade ficaram cheias de ativistas de toda a região, que se uniram a uma manifestação em massa contra um veredicto emitido pela Suprema Corte nesta semana que condenou nove separatistas à prisão em reação a uma tentativa de independência fracassada de 2017.
As penas desencadearam os piores episódios de violência contínua no país em décadas, e a revolta era grande na Catalunha.
Sindicatos da região convocaram uma greve geral nesta sexta-feira, e estudantes boicotaram as aulas pelo terceiro dia seguido.
A polícia estimou que cerca de 525 mil pessoas participaram das marchas.
O Ministério do Interior enviou reforços policiais à cidade mediterrânea, que é um grande pólo turístico, e alertou que os manifestantes que recorreram à violência enfrentarão as consequências sem demora.
"Durante esta semana, como vocês sabem bem, houve incidentes violentos na Catalunha. Eles foram organizados... por grupos que são uma minoria, mas são muito organizados", disse o ministro do Interior, Fernando Grande-Marlaska, em uma coletiva de imprensa. "Suas ações, como já vimos, tampouco ficarão impunes."
Pró-separatistas partiram a pé de toda a Catalunha na quarta-feira e chegaram a Barcelona ao longo de todo o dia, muitos com bandeiras em volta dos ombros. Moradores aplaudiam enquanto os manifestantes marchavam gritando "Liberdade para os prisioneiros políticos".
"Sempre fomos pessoas pacíficas, mas você chega a um ponto em que é tratado de tal maneira que as pessoas estão ficando com raiva", disse Carlota Llacuna, estudante de 19 anos da região de Maresca, próxima de Barcelona. "Eles colocaram nossos líderes na prisão."
Carles Puigdemont, ex-presidente regional da Catalunha e um de seus principais líderes, escapou de um julgamento até o momento, já que fugiu para a Bélgica ainda em 2017 quando a independência foi frustrada.
Nesta semana a Espanha renovou seu pedido para que ele seja extraditado e ele foi preso brevemente pela polícia belga nesta sexta-feira, mas um juiz ordenou sua libertação até que haja uma decisão sobre o mandato de prisão espanhol. Um tribunal deve ouvir o caso no dia 29 de outubro.