Por Thomas Escritt
AMSTERDÃ (Reuters) - Um combatente islâmico causou danos irreparáveis à herança cultural africana ao destruir santuários religiosos da antiga cidade de Timbuktu durante o conflito de 2012 no Mali, disseram promotores internacionais nesta terça-feira.
Ahmad al-Faqi al-Mahdi, ex-estudante de pedagogia, liderou e participou pessoalmente dos ataques a nove mausoléus e mesquitas na cidade com picaretas e pés de cabra, afirmaram promotores do Tribunal Penal Internacional (TPI).
Al-Mahdi –um cidadão de etnia tuaregue que os promotores disseram pertencer ao grupo militante Ansar Dine, aliado da Al Qaeda no Magreb Islâmico– é a primeira pessoa a ser acusada pela corte de destruir artefatos culturais.
"Este crime afeta a alma e o espírito das pessoas", disse a promotora Fatou Bensouda, comparando os ataques ao local sagrado à destruição causada por militantes do Estado Islâmico em Palmira, na Síria, e à dilapidação das estátuas de Buda em Bamiyan, no Afeganistão, levada a cabo pelo Taliban em 2001.
"Estes eram locais dedicados à religião e monumentos históricos, e não constituíam objetivos militares", disse ela, acrescentando que sua destruição atingiu "a parte mais profunda e íntima de um ser humano, a sua fé".
Na audiência, os promotores precisam convencer os juízes, liderados pela queniana Joyce Aluoch, de que reuniram indícios suficientes para justificar um julgamento.