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Rebeldes atacam tropas ucranianas após fracasso das negociações de paz

Publicado 02.02.2015, 19:37
Atualizado 02.02.2015, 19:40
© Reuters. A woman reacts as she looks at the debris inside a flat at a residential block damaged by a recent shelling in Yenakieve

Por Aleksandar Vasovic

IENAKIEVO, Ucrânia (Reuters) - Foguetes lançados por separatistas atravessaram os céus sobre as colinas do leste da Ucrânia nesta segunda-feira e os rebeldes atacaram posições de tropas do governo ucraniano que se mantinham em uma estratégica cidade ferroviária, ao mesmo tempo em que ambos os lados se preparam para mobilizar ainda mais forças no conflito.

Autoridades dos Estados Unidos disseram que Washington estava considerando com "olhar renovado" a possibilidade de fornecer armamentos letais à Ucrânia, depois do agravamento na violência em seguida ao fracasso das negociações de paz no sábado, embora tenham enfatizado que nenhuma decisão foi tomada até o momento.

Os militares de Kiev disseram que mais cinco soldados ucranianos foram mortos em combate, enquanto autoridades municipais da cidade de Donetsk, controlada pelos rebeldes, disseram que 15 civis foram mortos por bombardeios durante o fim de semana.

Os estrondos de tiros de artilharia e disparos de morteiro ecoaram em Donetsk durante a noite. Várias casas ficaram destruídas e ao menos um civil morreu.

Os separatistas mantiveram a ofensiva contra Debaltseve, um estratégico entroncamento ferroviário a nordeste de Donetsk, numa tentativa de debelar as forças do governo posicionadas ali.

Os arredores de Ienakeivo e Vuhlegirsk, ambas localizadas na principal estrada para Debaltseve, ficaram sob forte ataque de artilharia enquanto lançadores de múltiplos foguetes operados por rebeldes castigavam as posições das tropas ucranianas na área.

A certa altura, uma rajada de mais de 30 foguetes atirados de posições rebeldes zuniram através dos montes em direção a Debaltseve. O ataque foi seguido 15 minutos depois pela resposta das forças de governo.

"A situação mais difícil está no entorno de Debaltseve, onde as formações armadas ilegais continuam a atacar as posições militares ucranianas", disse o porta-voz militar Andriy Lutsenko em uma coletiva de imprensa. Mas ele afirmou que as forças do governo na cidade eram suficientes para mantê-la e negou que as forças governamentais estejam cercadas.

De acordo com autoridades de Kiev, janeiro foi um dos meses mais sangrentos no leste da Ucrânia desde o início do conflito. O porta-voz da polícia regional Vyacheslav Abroskin disse que 112 civis foram mortos em bombardeios e ataques de separatistas.

Os rebeldes, em comunicado reproduzido pela agência de notícias russa Ria Novosti, disseram que 242 civis foram mortos em janeiro, assim como 92 rebeldes.

MOBILIZAÇÃO GERAL

Os separatistas, que o Ocidente diz estarem sendo armados pela Rússia e apoiados por milhares de soldados russos, anunciaram um desafiador plano de mobilização generalizada, que afirmam ser capaz de elevar seu número de combatentes ao patamar de 100 mil homens.

Kiev também impulsiona uma quarta leva de convocações militares destinadas a arregimentar mais 50 mil homens.

As potências ocidentais apoiam a opinião de Kiev de que um acordo de paz assinado em setembro passado, que incluía um cessar-fogo e um compromisso de retirada da Ucrânia de combatentes e equipamentos militares estrangeiros, é o único caminho viável para encerrar o conflito.

Mas os separatistas - que declararam suas próprias ‘repúblicas populares' e alcançaram diversas conquistas militares desde setembro, incluindo a tomada do aeroporto de Donetsk das mãos das tropas do governo - agora parecem querer negociar novos termos.

A chanceler alemã, Angela Merkel, apelou para que um cessar-fogo seja urgentemente restabelecido na Ucrânia sob os termos do plano de paz de Minsk, e disse que a Alemanha não apoiaria as forças militares de Kiev por meio do envio de armas.

O jornal The New York Times noticiou no domingo que Washington está reconsiderando a possibilidade de fornecer armamentos de defesa e equipamentos às forças ucranianas, em face da ofensiva rebelde.

Uma autoridade de alto escalão do governo confirmou, sob a condição de anonimato, que a questão recebe um "olhar renovado", acrescentando ser improvável que qualquer decisão seja tomada antes que o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, chegue a Kiev na próxima quinta-feira.

© Reuters. A woman reacts as she looks at the debris inside a flat at a residential block damaged by a recent shelling in Yenakieve

Em uma rua nos arredores de Ienakievo, uma bomba atingiu diretamente um apartamento no terceiro andar de um prédio de nove andares, matando instantaneamente uma mulher e ferindo seu marido.

"É assim todos os dias. O bombardeio é incessante. Mantemos as crianças em porões", disse Anatoly Pomazanov, de 42 anos, dono de um mercado no prédio. "Quero perguntar ao presidente (Petro) Poroshenko: somos também ucranianos ou simplesmente alvos?"

  (Reportagem adicional de Natalia Zinets em Kiev)

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