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Recém-nascido desabrigado de Gaza morre congelado e gêmeo luta pela vida enquanto chuva inunda tendas

Publicado 30.12.2024, 11:54
© Reuters. Yahya Al-Batran, pai do bebê palestino Jumaa Al-Batran, que morreu de hiportermia em Deir Al-Balah, na área central da Faixa de Gaza, onde a família vive desabrigadan29/12/2024nREUTERS/Ramadan Abed

Por Ramadan Abed e Nidal al-Mughrabi

GAZA (Reuters) - Yahya Al-Batran acordou nas primeiras horas da manhã de domingo e encontrou sua esposa, Noura, tentando acordar seus filhos gêmeos recém-nascidos, Jumaa e Ali, deitados juntos na tenda improvisada que a família ocupava em um acampamento na região central da Faixa de Gaza.

O frio intenso do inverno e as fortes chuvas que caíram sobre o enclave costeiro nos dias anteriores tornaram suas vidas um sofrimento, mas o que ele ouviu foi mais grave.

"Ela disse que estava tentando acordar Jumaa, mas ele não estava acordando, e eu perguntei sobre Ali e ela disse que ele também não estava acordando", disse, à Reuters, no domingo. "Eu segurei Jumaa, ele estava branco e congelando como neve, como gelo, congelado."

Jumaa, de um mês de idade, morreu de hipotermia, um dos seis palestinos mortos por exposição e frio nos últimos dias em Gaza, segundo médicos. Ali estava em estado crítico nesta segunda-feira, em tratamento intensivo.

No segundo inverno da guerra em Gaza, o clima adicionou um elemento extra de sofrimento para centenas de milhares de pessoas que já foram desabrigadas, muitas delas várias vezes, enquanto os esforços por um cessar-fogo não chegam a lugar algum.

A morte de Jumaa al-Batran mostra a gravidade da situação de famílias vulneráveis.

Autoridades israelenses afirmam que permitiram a entrada em Gaza de milhares de caminhões de ajuda humanitária que transportam alimentos, água, equipamentos médicos e suprimentos para abrigos. Agências internacionais de ajuda dizem que as forças israelenses têm dificultado a entrega de auxílio, piorando ainda mais a crise humanitária.

A família de Yahya al-Batran, da cidade de Beit Lahiya, no norte do país, fugiu de sua casa no início da guerra para al-Maghazi, um trecho ao ar livre de dunas e matagais no centro de Gaza que as autoridades israelenses decretaram como zona humanitária.

Mais tarde, enquanto al-Maghazi se tornava cada vez mais inseguro, eles se mudaram para outro acampamento na cidade vizinha de Deir al-Balah.

"Como sou adulta, posso aguentar isso e suportar, mas o que os jovens fizeram para merecer isso?", disse a mãe de Jumaa, Noura al-Batran. "Ele não conseguiu suportar isso, não conseguiu suportar o frio ou a fome e essa falta de esperança."

BARRACAS ESFARRAPADAS

Em toda a região, dezenas de barracas, muitas já desgastadas por meses de uso, foram levadas pelo vento ou inundadas pelos fortes ventos e pela chuva, deixando as famílias lutando para reparar os danos, remendando folhas de plástico rasgadas e empilhando areia para conter a água.

© Reuters. Yahya Al-Batran, pai do bebê palestino Jumaa Al-Batran, que morreu de hiportermia em Deir Al-Balah, na área central da Faixa de Gaza, onde a família vive desabrigada
29/12/2024
REUTERS/Ramadan Abed

Esse é outro aspecto da crise humanitária enfrentada pelos 2,3 milhões de habitantes de Gaza, afetados pela implacável campanha israelense contra os remanescentes do Hamas e dependentes de um sistema de auxílio irregular, cada vez mais vulnerável a saques, já que a lei e a ordem foram quebradas.

A campanha de Israel contra o Hamas em Gaza já matou mais de 45.500 palestinos, de acordo com as autoridades de saúde palestinas, e transformou o enclave em um terreno baldio de escombros e prédios destruídos.

A guerra foi desencadeada por um ataque do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023, no qual 1.200 pessoas foram mortas e 251 foram levadas para Gaza como reféns, de acordo com os registros israelenses.

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