Por Steve Scherer
ROMA (Reuters) - A recusa da Itália em permitir que barcos de ajuda humanitária atraquem em seus portos manterá mais imigrantes em centros de detenção da Líbia e à mercê de contrabandistas, nas mãos dos quais sofrem espancamentos e abusos, disse o grupo de auxílio Médicos Sem Fronteiras (MSF).
Cristophe Biteau, líder da missão da MSF na Líbia, disse que todas as pessoas interceptadas pela Guarda Costeira líbia – cerca de 10.789 neste ano – acabaram detidas indefinidamente em centros administrados pelo governo de Trípoli.
"Com menos barcos de resgate e o aumento das partidas no verão, a situação nos centros ficará cada vez pior", alertou Biteau.
O novo ministro do Interior italiano de extrema-direita, Matteo Salvini, que tomou posse em 1o de julho, disse que os barcos de resgate não são mais bem-vindos nas praias de seu país, argumentando que este já recebeu mais do que sua cota justa de imigrantes.
Ele também questionou relatos dos imigrantes sobre abusos na Líbia – que são negados pelas autoridades líbias, que acusaram grupos de ajuda de incentivarem imigrantes a fazerem a travessia perigosa do norte da África para a Europa graças a seus muito divulgados resgates.
O chefe da Organização Internacional para as Migrações (OIM), William Lacy Swing, se encontrou nesta sexta-feira com o primeiro-ministro líbio, Fayez Seraj, em Trípoli e apelou a ele para que os imigrantes "não sejam postos em centros de detenção", disse um comunicado.
Nem Salvini nem autoridades líbias responderam às críticas nesta sexta-feira.