SIDNEY (Reuters) - O apoio à inclusão de um órgão consultivo indígena na Constituição da Austrália caiu ainda mais, mostrou uma pesquisa nesta segunda-feira, colocando a proposta histórica no caminho da derrota antes da votação nacional no próximo mês.
Os eleitores se opuseram à "Voz ao Parlamento" pelo quinto mês consecutivo, mostrou uma pesquisa realizada para o jornal Sydney Morning Herald, enquanto o governo luta para convencer os eleitores céticos e indecisos a votarem a favor da proposta.
Os australianos votarão no referendo em 14 de outubro, quando serão questionados se apoiam a alteração da Constituição para criar um comitê indígena para aconselhar o Parlamento federal.
O referendo requer uma maioria nacional de votos, bem como uma maioria de votos em pelo menos quatro dos seis Estados, para alterar a Constituição. A pesquisa, no entanto, mostrou que apenas o Estado insular da Tasmânia apoiava a medida.
Desde a independência australiana em 1901, apenas oito das 44 propostas de mudança constitucional foram aprovadas.
O apoio caiu para 43% na última pesquisa, abaixo dos 46% em agosto, com os eleitores em Nova Gales do Sul e Victoria, os Estados mais populosos da Austrália, posicionando-se contra a proposta.
O voto negativo é mais forte em Queensland e na Austrália Ocidental, com 61% dispostos a rejeitar a proposta.
A sondagem também mostrou os índices de aprovação do primeiro-ministro Anthony Albanese, que tem apostado um capital político significativo no referendo, sofrendo uma queda nos índices, caindo em território negativo pela primeira vez desde as eleições de maio de 2022.
O debate sobre o referendo tem dividido opiniões com apoiadores que argumentam que a medida trará progresso para a comunidade aborígine, reconhecerá a cultura de 65.000 anos e "unirá a nação".
Os oponentes dizem que causará divisão e dará poderes excessivos ao órgão, enquanto outros o descreveram como simbólico e desdentado.
Representando cerca de 3,2% dos quase 26 milhões de habitantes da Austrália, o povo aborígine foi marginalizado pelos governantes coloniais britânicos e não é mencionado na Constituição de 122 anos.
(Por Renju Jose em Sidney)