Por Benjamin Kang Lim e Philip Wen
PEQUIM (Reuters) - A reforma do sistema anticorrupção chinês pode permitir que o presidente Xi Jinping justifique a manutenção de seu importante aliado e principal autoridade nacional no assunto, Wang Qishan, além da idade de aposentadoria compulsória, dizem fontes ligadas à liderança.
Quebrar a regra de aposentadoria também pode representar um precedente para Xi, que tem 63 anos, desafiar as expectativas atuais de que ele deixará os postos de chefe militar e do partido em 2022, e de presidente da China no ano seguinte, disseram as fontes.
A novíssima Comissão Nacional de Supervisão reunirá o poder de vários órgãos de combate à corrupção, incluindo a Comissão Central para Inspeção Disciplinar, a cargo de Wang e principal órgão da propaganda da campanha anticorrupção de Xi Jinping.
Tal campanha puniu mais de um milhão de membros do partido, prendeu militares de alto escalão e aposentou o chefão de segurança Zhou Yongkang, maior autoridade a ter caído por corrupção desde 1949.
De acordo com três fontes, Wang deve presidir a nova comissão, o que sob condições normais seria um forte argumento para sua permanência no Comitê Permanente do Politburo do Partido Comunista da China.
Por quase duas décadas, contudo, um teto informal de idade definia que apenas políticos com até 67 anos seriam elegíveis para permanecer ou serem promovidos ao comitê no congresso quinquenal do partido.
Wang completa 69 anos em 2017, quando será realizado o 19º congresso.
“É muito provável que Wang Qishan chefie o Comitê Nacional de Supervisão”, disse à Reuters uma das fontes consultadas. Ela pediu anonimato, pois não está autorizada a falar com a imprensa.
A fonte disse também que a saúde e as intenções de Wang definirão se ele permanecerá pelo mandato todo no comitê.
“Se Wang Qishan não se aposentar, isso dará legitimidade para que Xi Jinping não deixe o poder em 2022”, afirmou uma outra fonte ligada ao alto escalão de Pequim.