Por Emma Pinedo e Belén Carreño
MADRI (Reuters) - O rei Felipe da Espanha foi recebido por manifestantes que protestavam aos brados durante uma visita à Catalunha nesta segunda-feira, e em Madri é cada vez maior a pressão para que ele reaja às alegações de corrupção que giram em torno de seu pai, o ex-rei Juan Carlos.
Os manifestantes confrontavam a polícia e gritavam "Não temos um rei", enquanto o rei e a rainha Letizia visitavam um monastério perto de Tarragona. Ministros estão exigindo uma ação em meio aos clamores por uma investigação parlamentar.
Em junho, a Suprema Corte espanhola iniciou uma investigação a respeito do envolvimento de Juan Carlos em contrato de um trem de alta velocidade na Arábia Saudita depois que o jornal suíço La Tribune de Genève noticiou que ele recebeu 100 milhões de dólares do falecido rei saudita.
Por meio de seu advogado, Juan Carlos, de 82 anos, vem se negando a comentar as alegações.
O jornal acrescentou que, mais tarde, Juan Carlos deu 65 milhões de dólares a Corinna zu Sayn-Wittgenstein, uma empresária com que teve um relacionamento que levou à sua abdicação em 2014. Os representantes de Sayn-Wittgenstein disseram que ela não fez nada de errado.
Juan Carlos foi muito popular por seu papel na recondução do país da ditadura à democracia no final dos anos 1970, mas vários escândalos erodiram sua aprovação pública uma década atrás e o forçaram a passar o trono ao filho.
Uma fonte do governo disse à Reuters que o gabinete "espera algum gesto do rei Felipe, algo que distancie seu pai ainda mais da Casa Real".
Especialistas disseram que, a esta altura, não existe risco para a monarquia ou chance de qualquer mudança na Constituição – esta dá imunidade ao ex-rei por seu tempo no trono.
(Reportagem adicional de Albert Gea, Joan Faus, Inti Landauro)