Por Stephen Kalin e William Maclean
DUBAI (Reuters) - O rei Salman, da Arábia Saudita, transformou seu filho em seu sucessor nesta quarta-feira, afastando seu sobrinho da posição de príncipe herdeiro e dando ao jovem de 31 anos poderes quase inéditos no momento em que o maior exportador de petróleo do mundo implanta reformas transformadoras.
O decreto real indicou Mohammed bin Salman como príncipe herdeiro e vice-primeiro-ministro. Ele continua comandando as pastas da Defesa, Petróleo e outras.
Segundo o decreto, o príncipe herdeiro Mohammed bin Nayef, diretor de contraterrorismo admirado em Washington por encerrar uma campanha de bombardeios da Al Qaeda entre 2003 e 2006, foi dispensado de todas as suas funções.
Embora a promoção de Mohammed bin Salman fosse esperada em círculos íntimos, causou surpresa por atualmente o reino estar enfrentando tensões crescentes com o Catar e o Irã e estar envolvido em uma guerra no Iêmen.
O decreto real disse que a decisão do rei Salman de promover o filho e consolidar seu poder foi apoiada por 31 dos 34 membros do Conselho da Aliança, composto por veteranos da família governante Al Saud.
Sempre atenta para dissipar especulações sobre divisões internas na dinastia Al Saud, a televisão saudita não demorou para mostrar que a mudança na sucessão foi amigável e apoiada pela família.
Logo de manhã cedo a TV exibiu imagens de Mohammed bin Nayef jurando fidelidade ao mais jovem Mohammed bin Salman, que se ajoelhou e beijou a mão do primo.
"Estou contente", disse o príncipe Mohammed bin Nayef. O príncipe Mohammed bin Salman respondeu: "Não iremos abrir mão de sua orientação e conselho".
Analistas disseram que a alteração acaba com a incerteza a respeito da sucessão e dá ao príncipe Mohammed bin Salman o poder de acelerar seu plano de diminuir a dependência saudita do petróleo, o que inclui a privatização parcial da estatal petroleira Aramco.
"A mudança é um grande impulso para o programa de reforma econômica... o príncipe Mohammed bin Salman é seu arquiteto", disse John Sfakianakis, diretor do Centro de Pesquisa do Golfo, sediado em Riad.
Bernard Haykel, professor de Estudos do Oriente Próximo de Princeton, disse que a decisão do rei objetivou evitar uma disputa de poder entre seu filho e seu sobrinho estabelecendo a linha sucessória claramente.