Por Polina Devitt
MOSCOU/LONDON (Reuters) - Autoridades britânicas, cujas relações com Moscou andam tensas, ainda não renovaram o visto do bilionário russo Roman Abramovich, que expirou mês passado, disseram duas fontes familiares com o assunto à Reuters.
Abramovich, conhecido no Reino Unido como dono do Chelsea, está no processo de renovar o seu visto, parte de um procedimento padrão, disse uma das fontes.
Está demorando mais do que o normal, mas não é indicação de que o visto não será renovado, já que não há resistência ou respostas negativas, acrescentou.
Millhouse, a empresa que administra os bens de Abramovich, recusou-se a comentar. O Home Office britânico, ministério responsável pela imigração, não foi encontrado para comentar.
Abramovich, que também é co-proprietário da empresa de produção de metal Evraz, não compareceu à decisão da Copa da Inglaterra, em Londres, o último evento da temporada de futebol da Inglaterra, na qual o Chelsea venceu o Manchester United.
Ele também não esteve em uma audiência na Alta Corte de Londres, nesta semana, na qual o magnata russo Oleg Derispaska contestava a venda de ações da gigante de mineração Norilsk Nickel por Abramovich ao bilionário russo Vladimir Potanin.
David Davidovich, principal administrador da Millhouse, disse à corte londrina que o dono do Chelsea estava na Suíça, segundo a transcrição da audiência.
Abramovich é o 11º homem mais rico da Rússia, com uma fortuna avaliada em 10,8 bilhões de dólares, de acordo com estimativas da revista Forbes. Ele fez sua fortuna na indústria do petróleo, na década de 1990, na Rússia, e comprou o Chelsea em 2003. Desde então, ajudou a transformar o clube em um dos mais bem sucedidos do Campeonato Inglês.
Russos ricos há um bom tempo preferem Londres como local para viver ou fazer negócios. No entanto, as relações entre o Reino Unido e a Rússia deterioraram-se, depois que Londres acusou Moscou de envenenar o ex-agente duplo Sergei Skripal, no Reino Unido, em março. Os russos negam envolvimento no envenenamento e responderam na mesma moeda.
A acusação, que motivou países ao redor do mundo a expelir quadros diplomatas da Rússia, foi seguida por diversas declarações do lado britânico, sugerindo que o regime para magnatas russos em Londres poderia ser endurecido.
O Reino Unido disse em março que avaliaria retrospectivamente os vistos emitidos para investidores estrangeiros, incluindo russos, e consideraria se precisaria tomar alguma medida. Por volta de 700 russos vieram ao Reino Unido entre 2008 e 2015 com o chamado “visto nível 1”.
O ministro de Relações Exteriores britânico, Boris Johnson, também disse, em março, que russos corruptos que devem sua fortuna aos laços com o presidente Vladimir Putin poderiam ser alvos da polícia britânica em retaliação ao ataque a Skripal.