Por Alistair Smout e James Davey
LONDRES (Reuters) - A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, planejava aumentar a pressão sobre a União Europeia nesta sexta-feira para romper um impasse nas negociações da desfiliação britânica do bloco com um discurso no qual dirá que a UE também será prejudicada se Londres sair sem um acordo.
Parlamentares britânicos votarão o acordo pela segunda vez na terça-feira, menos de três semanas antes do prazo para o país deixar a UE, e até agora há poucos sinais de que May obterá as concessões que, segundo ela, reverterão sua derrota anterior.
"A história julgará os dois lados muito mal se errarmos nisto", disse o ministro das Relações Exteriores, Jeremy Hunt, à rádio BBC nesta sexta-feira.
As duas partes discordam sobre o chamado "backstop", que almeja evitar a volta de controles na fronteira entre a Irlanda do Norte e a Irlanda -- a única divisa terrestre entre o Reino Unido e o bloco.
May quer garantias legalmente vinculantes da UE de que sua nação não ficará presa permanentemente no "backstop", o que implica manter o Reino Unido em uma união alfandegária com a UE.
Muitos líderes empresariais estão alarmados com a perspectiva de sair do mercado comum do bloco, que sustenta muitas de suas operações, sem arranjos para uma transição que suavize o choque da maior reviravolta política e econômica britânica em mais de 40 anos.
Uma pesquisa com recrutadores revelou nesta sexta-feira que os empregadores adiaram a contratação de funcionários permanentes em fevereiro, mais um sinal do nervosismo crescente no mercado de trabalho britânico, de resto robusto.
May deve discursar mais tarde em Grimsby, uma área de grande apoio ao Brexit, dizendo que agora a UE precisa ceder em relação ao backstop para ajudar na aprovação do pacto, que foi rejeitado pelo Parlamento em janeiro por uma margem recorde.
"Assim como os parlamentares enfrentarão uma escolha importante na semana que vem, a UE também tem que fazer uma escolha. Ambos somos participantes do processo. É do interesse europeu que o Reino Unido saia com um acordo", dirá a premiê, segundo trechos divulgados previamente.
"Estamos trabalhando com eles, mas as decisões que a União Europeia tomar nos próximos dias terá um grande impacto no resultado da votação".
May disse que, se seu plano for derrotado na terça-feira, os parlamentares poderão votar na quarta e quinta-feira para decidir se querem sair do bloco sem um pacto ou pedir um adiamento curto do Brexit.