Por Maria Vasilyeva e Vladimir Soldatkin
VLADIVOSTOK, Rússia, April 25 (Reuters) – O presidente da Rússia, Vladimir Putin, recebeu o líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, nesta quinta-feira, para uma cúpula concebida para mostrar que os Estados Unidos não são a única potência com influência suficiente para negociar com o Estado comunista recluso a respeito de seu programa nuclear.
Os dois líderes tiveram um dia de reuniões em uma ilha no litoral de Vladivostok, cidade russa do Pacífico, dois meses depois de uma cúpula de Kim com o presidente dos EUA, Donald Trump, terminar em desentendimento, o que diminuiu as esperanças de um avanço no impasse nuclear de décadas.
A primeira sessão, que consistiu de conversas pessoais com a presença de poucos assessores, durou o dobro dos 50 minutos programados.
"Conversamos, é claro, sobre a situação na península coreana, trocamos opiniões sobre como e o que podemos fazer para haver boas perspectivas para uma melhoria na situação", disse Putin durante um intervalo nas conversas.
Kim, que chegou a Vladivostok um dia antes em seu trem blindado, disse que a situação na península coreana "é uma questão na qual o mundo está muito interessado".
Sentado diante de Putin e do restante da delegação russa, ele disse que foi à Rússia para se encontrar com Putin pessoalmente e para trocar opiniões sobre o impasse nuclear.
Ele disse querer "debater questões de estabilidade estratégica e administração conjunta da situação no futuro, e desenvolver nossas relações tradicionais para atender as exigências de um novo século".
Uma segunda sessão de conversas com delegações maiores terminou sem comunicados de nenhum lado.
Depois os dois líderes compareceram a um jantar de gala, no qual brindaram um ao outro e assistiram números de música e de dança tradicionais apresentados por artistas russos.
Como as conversas entre a Coreia do Norte e os EUA travaram, a cúpula de Vladivostok dá a Pyongyang a oportunidade de buscar apoio de um novo parceiro, a Rússia, e um possível alívio das sanções que prejudicam sua economia.
Para o Kremlin, a reunião é uma chance de mostrar que o país é um protagonista diplomático global, apesar dos esforços de Washington e de outros países ocidentais para isolá-lo.
(Reportagem adicional de Hyonhee Shin e Joyce Lee, em Seul, e Maria Kiselyova e Maxim Rodionov, em Moscou)