Por Tom Miles
GENEBRA (Reuters) - Crises humanitárias em todo o mundo piorarão no ano que vem, sem tréguas à vista em guerras civis na África, fome iminente em regiões assoladas por conflitos e a ameaça da violência de extremistas islâmicos, previu um centro de estudos sediado em Genebra em um relatório publicado nesta quinta-feira.
O relatório da Acaps, um empreendimento sem fins lucrativos que apoia agentes humanitários com monitoramento diário e análises de 150 países, examinou as necessidades previstas para 18 países em 2018 e encontrou pouco para comemorar.
"Se 2017 não pareceu bom, as previsões para 2018 não são melhores: a violência e a insegurança provavelmente se deteriorarão no Afeganistão, República Democrática do Congo, Líbia, Etiópia, Mali, Somália e Síria no ano que vem", escreveu o diretor da Acaps, Lars Peter Nissen, no relatório.
No ano que vem a Etiópia se juntará ao nordeste da Nigéria, Somália, Sudão do Sul e Iêmen como locais ameaçados por surtos de fome, disse o documento, intitulado "Panorama Humanitário: Uma Análise das Maiores Crises de 2018".
Ao invés de levar estabilidade, a perspectiva de eleições no Afeganistão, Iraque, Líbia, Sudão do Sul e Venezuela deve exacerbar as tensões e alimentar a violência.
O extremismo islâmico também continuará a provocar mortes e conflitos, segundo o relatório.
Apesar da derrota do Estado Islâmico em seus principais bastiões no Iraque, o grupo deve continuar a improvisar ataques em todo o país para desestabilizar o governo, além de ganhar força e recursos no sul líbio.
O Estado Islâmico também deve intensificar sua atuação ainda pequena em Puntland, região da Somália, impactando a população civil e se chocando com seu rival regional maior, o Al Shabaab, que aumentará a mortalidade de seus próprios ataques.
Grupos islâmicos armados também devem se aproveitar da retirada de tropas do governo no centro do Mali, conquistado recrutas locais e mais influência, enquanto no Afeganistão o Taliban consolidará seus bastiões rurais e o crescimento da produção de ópio reforçará o financiamento de grupos armados.
A fragmentação dos grupos armados da República Centro-Africana deve agravar a violência no país, levando mais refugiados à República dos Camarões e à República Democrática do Congo, cujo presidente, Joseph Kabila, provavelmente não deixará o poder antes de 2019, alimentando frustrações e protestos violentos, alertou o relatório.