Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) foi releito presidente do Senado e do Congresso Nacional neste domingo pela quarta vez, em uma disputa mais acirrada que de costume e que manteve a tradição de chancelar o nome proposto pela maior bancada na Casa.
Candidato oficial do PMDB, indicado após decisão da maioria de sua bancada na sexta-feira, Renan disputava o posto com o senador Luiz Henrique (PMDB-SC), que lançou candidatura avulsa sem a anuência da bancada.
Com a confirmação de sua vitória sobre o colega de partido, Renan voltou a defender o debate das reformas tributária e política --para a qual prometeu empenho pessoal--, além de afirmar que seu partido irá atuar para dar estabilidade ao país.
"O PMDB, que garante a estabilidade, também trabalhará pela estabilidade econômica. Como fiador do modelo democrático, o partido atua pelo equilíbrio de poder e repele qualquer pendor hegemônico onde quer que ele esteja camuflado", disse Renan após a proclamação do resultado da eleição.
Seguindo tradição do Senado, o alagoano foi reconduzido por 49 votos a 31 à presidência da Casa e consequentemente do Congresso Nacional por mais dois anos. Renan já fora eleito para o cargo em 2005, 2007 e 2013.
Enquanto Renan contou com o apoio da bancada do PT, Luiz Henrique recebeu adesões de partidos da oposição e integrantes da base do governo com atuação mais independente.
O governo declarou que não iria interferir na decisão do Legislativo, mas a candidatura avulsa de Luiz Henrique, parlamentar da base aliada, era um desejo dos partidos de oposição e o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), chegou a participar de articulações para que um nome fosse lançado.
O senador catarinense, no entanto, defendia que sua candidatura era suprapartidária, que "jamais" seria uma presidente "antagônico", mas que ao mesmo tempo não teria postura submissa.
Em discurso anterior à votação, Luiz Henrique chegou a alfinetar Renan, afirmando que se eleito presidente não faria indicações para o primeiro escalão ou direções em estatais para que isso não o impedisse de agir de forma independente e autônoma em relação ao Executivo.
Disse esperar ainda que o presidente da Casa ponha em prática seus compromissos de campanha.
"Eu tinha cronograma para fazer reformas até 15 de julho. Espero que o presidente eleito assuma esse prazo."
A ideia inicial de Renan era que os dois nomes disputassem internamente a indicação da bancada, mas Luiz Henrique insistiu que sua candidatura era "irreversível".
Com a vitória, Renan voltou a bater na tecla de que irá priorizar a transparência, bandeira sob a qual já havia sido eleito em 2013, e defendeu ainda que as decisões na Casa sejam tomadas de maneira coletiva.
O restante da Mesa do Senado só será escolhido em votação prevista para a terça-feira desta semana, quando os parlamentares irão definir duas vice-presidências, quatro secretarias e quatro suplências.
(Com reportagem de Jeferson Ribeiro)