Por Angelo Amante e Crispian Balmer
ROMA (Reuters) - O ex-primeiro-ministro Matteo Renzi ameaçou na quarta-feira um confronto no governo italiano por causa de uma reforma judicial há muito contestada, mas minimizou as especulações de que ele estaria pronto para deixar a coalizão governista.
Renzi comanda o Itália Viva, partido pequeno que tem apoio mínimo nas pesquisas de opinião, mas tem os números para derrubar o governo do premiê, Giuseppe Conte, no Parlamento e está usando esse trunfo para tentar conseguir mais visibilidade.
Conhecido como um dos políticos mais implacáveis do país, Renzi rejeitou notícias da mídia de que estaria elaborando uma série de demandas em troca de manter a coalizão à tona. Mas reiterou a ameaça de tentar derrubar o ministro da Justiça, a menos que ele revise uma reforma já promulgada dos procedimentos legais.
"Espero que esse bom senso prevaleça", disse ele durante um programa de bate-papo na TV estatal RAI, acrescentando que se moveria contra o ministro, que é do Movimento 5-Estrelas, se ele não propusesse uma solução para a disputa até meados de abril.
Renzi admitiu que um referendo em breve sobre a redução do número de parlamentares --que quase certamente será aprovado e, portanto, levará a uma nova lei eleitoral-- significa que a Itália provavelmente não realizará novas eleições parlamentares antes de 2021.
Ele disse que o governo deveria usar esse tempo para trabalhar com partidos da oposição para elaborar reformas constitucionais abrangentes --algo que ele tentou fazer quando era primeiro-ministro, mas que, no final, acabou levando à sua queda em 2016.
Um membro de alto escalão do Partido Democrático (PD) de centro-esquerda, que juntamente com o Movimento 5-Estrelas forma a base principal da coalizão, pediu a Conte que busque novos apoios no Parlamento e corte os laços com Renzi.
A coalizão tem uma ligeira maioria no Senado de 315 cadeiras, e precisaria de ao menos mais 10 senadores de outros grupos para se manter no poder sem o Itália Viva.