Por Susan Cornwell e Doina Chiacu e Simon Lewis
WASHINGTON/WILMINGTON, Delaware (Reuters) - Mais membros do Partido Republicano se distanciaram da recusa do presidente Donald Trump em cooperar com Joe Biden, dizendo que Biden tem direito aos briefings de Inteligência mesmo que eles não estejam prontos para reconhecer o democrata como o vencedor das eleições do último dia 3 de novembro.
A maioria das autoridades e dos parlamentares republicanos permanecem publicamente alinhados à campanha de Trump para contestar o resultado das eleições através de ações para contestar a contagem dos votos em alguns Estados enquanto o presidente, sem apresentar evidências, alega que houve fraude generalizada.
Autoridades eleitorais estaduais dizem que não ocorreu qualquer tipo de fraude generalizada.
Enquanto isso, Biden segue adiante com o trabalho de preparação para seu governo, e conversou com o papa Francisco e com alguns de seus colegas democratas no Congresso, que criticaram as "baboseiras" eleitorais dos republicanos e pediram ações para abordar a pandemia do coronavírus.
Mesmo com alguns Estados ainda apurando suas cédulas, Biden já conseguiu votos suficientes em Estados decisivos para atingir os 270 votos no Colégio Eleitoral necessários para determinar o próximo presidente. Biden também está conquistando o voto popular em mais de 5,2 milhões de votos, ou 3,4 pontos percentuais, de vantagem sobre Trump.
Um número crescente de senadores republicanos, incluindo John Cornyn, Ron Johnson, James Lankford, Chuck Grassley e Lindsey Graham, pediu que o governo Trump permita o acesso de Biden aos briefings presidenciais diários de Inteligência.
O presidente-eleito tradicionalmente recebe tais documentos das agências de Inteligência para conhecer potenciais ameaças aos Estados Unidos antes de assumir o cargo.
"Eu não vejo isso como uma proposta de alto risco. Eu só acho que é parte da transição. E, se ele de fato vencer no final, eu acho que eles precisam chegar prontos para trabalhar", disse Cornyn a jornalistas. Ele se recusou a reconhecer a vitória de Biden, no entanto.
Quando jornalistas perguntaram a Graham, abertamente defensor de Trump, se os briefings deveriam continuar, ele respondeu "Sim, acredito que sim".
O principal republicano na Câmara dos Deputados, Kevin McCarthy, se opôs à ideia.
"Ele não é o presidente no momento. Eu não sei se ele será o presidente no dia 20 de janeiro", disse McCarthy, que também se recusou a reconhecer a vitória de Biden.
Os dois principais democratas no Congresso --a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, e o líder dos Democratas no Senado, Chuck Schumer-- pediram nesta quinta-feira que os republicanos se juntem a eles para combater a pandemia e para reforçar a economia abalada pelo grave quadro no país.
"Os republicanos deveriam parar com suas baboseiras sobre a eleição que o presidente Trump já perdeu e focar a atenção na questão mais urgente: providenciar ajuda a um país que passa pela crise sanitária da Covid-19 e por uma crise econômica", disse Schumer.
Pelosi disse que Biden, que passou cinco décadas na vida pública como senador e vice-presidente, "conhece o território" e estará "muito bem" na transição, mas acrescentou: "É muito lamentável que os republicanos tenham decidido não respeitar o desejo do povo."
(Reportagem de Susan Cornwell, Doina Chiacu e Simon Lewis; Reportagem adicional de Trevor Hunnicutt, Patricia Zengerle, Jeff Mason, James Oliphant e Doina Chiacu)