Por Richard Cowan e Susan Cornwell
WASHINGTON (Reuters) - O Congresso norte-americano controlado pelos republicanos teve nesta terça-feira um início difícil na primeira sessão da era Donald Trump quando um clamor público que incluiu uma reprimenda do presidente eleito levou a Câmara dos Deputados a recuar nos seus planos para enfraquecer um órgão fiscalizador da ética.
Previa-se um início cerimonioso no qual parlamentares estabeleceriam planos para possibilitar a pauta de Trump de corte de impostos, revogação do Obamacare e reversão de regulamentações financeiras e ambientais.
Com a posse de Trump programada para 20 de janeiro, os republicanos vão controlar tanto a Casa Branca quanto o Congresso pela primeira vez desde 2007.
O momento, no entanto, foi ofuscado por uma comoção devido a uma medida surpreendente dos republicanos na Câmara, numa reunião a portas fechadas na segunda-feira, para enfraquecer o independente Escritório de Ética do Congresso, responsável por investigar acusações contra parlamentares.
Trump, que na campanha prometeu "drenar o pântano" e promover uma reforma ética em Washington, não ficou contente com o momento da medida.
"Com todo o trabalho que o Congresso tem, eles realmente têm que fazer o enfraquecimento do Escritório Independente sobre Ética, por mais injusto que ele possa ser, o seu ato e prioridade número um?”, disse ele no Twitter nesta terça.
"Foquem em reforma fiscal, assistência de saúde e tantas outras coisas muito mais importantes!”
O escritório sobre ética foi criado em 2008 após diversos escândalos de corrupção. Alguns parlamentares têm dito nos últimos anos que ele tem sido rápido demais para investigar reclamações externas de grupos tendenciosos.
Parlamentares querem ter um maior controle sobre o órgão e inseriram mudanças num pacote de regras, previsto para passar quando a Câmara se reunisse nesta terça.
Mesmo antes dos tuítes de Trump, muitos deputados republicanos, incluindo importantes líderes, se opuseram à medida e se mostraram preocupados com os seus desdobramentos. As mensagens de Trump no Twitter levaram a uma reunião de emergência e uma rápida mudança de rumo pelos republicanos.
"Isso foi retirado por unanimidade e o Comitê de Ética da Câmara vai agora examinar esses temas", disse AshLee Strong, porta-voz do presidente da Câmara, Paul Ryan.
Como era esperado, Ryan foi reeleito presidente por 239 votos contra 189. Ele foi eleito presidente pela primeira vez em outubro de 2015, depois que John Boehner deixou o cargo após várias revoltas dos conservadores da Câmara.
A eleição do presidente foi parte da cerimônia da primeira reunião da 115ª legislatura, quando os 435 membros da Câmara e um terço do Senado tomaram posse.