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Resposta lenta ao Ebola custou milhares de vidas, diz MSF

Publicado 23.03.2015, 10:22
© Reuters. Homem em cemitério para vítimas do Ebola em Suakoko, na Libéria

Por Misha Hussain

DACAR (Reuters) - A lenta resposta internacional ao surto do Ebola na África Ocidental criou uma tragédia evitável que custou milhares de vidas, disse uma entidade beneficente de assistência médica, ao se completar um ano do primeiro caso confirmado da doença na região.

A pior epidemia de Ebola do mundo já matou mais de 10.200 pessoas nos três países mais afetados, Guiné, Libéria e Serra Leoa, desde março de 2014, quando foi confirmada pela primeira vez na região de floresta da Guiné.

Primeira a dar o alarme sobre o Ebola, a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), disse em um relatório que todos, desde os governos nacionais à Organização Mundial da Saúde (OMS), criaram gargalos que impediram que a epidemia fosse contida rapidamente.

"O surto de Ebola foi várias vezes descrito como uma tempestade perfeita: uma epidemia transfronteiriça em países com fracos sistemas de saúde pública, que antes nunca tinham tido contato com o Ebola", disse o diretor-geral do MSF, Christopher Stokes, no relatório.

"No entanto, essa é uma explicação muito conveniente. Para que o surto de Ebola entrasse numa espiral fora de controle, como essa, foi preciso que muitas instituições falhassem. E isso aconteceu, com consequências trágicas e evitáveis."

Em um relatório contundente intitulado "Indo até o Limite, e Além", o MSF disse que suas advertências em junho de que a epidemia estava fora de controle foram classificados como alarmistas.

Guiné e Serra Leoa minimizaram a epidemia e acusaram a MSF de espalhar medo e pânico. Em junho, o governo de Serra Leoa disse que a OMS deveria relatar apenas os óbitos confirmados por laboratório – o que reduziu falsamente o número de mortes, segundo o relatório.

O documento diz que o hospital Kenema no sudeste de Serra Leoa, onde alguns dos primeiros casos foram registrados, também reteve dados epidemiológicos cruciais que impediram que a MSF identificasse as aldeias afetadas, e agisse em conformidade.

"O Ministério da Saúde e os parceiros do hospital de Kenema se recusaram a compartilhar dados ou listas de contatos conosco, então nós estávamos trabalhando no escuro, enquanto os casos continuavam surgindo", disse no relatório a coordenadora de emergências da MSF em Serra Leoa, Anja Wolz.

A Libéria foi transparente e pediu ajuda quase diariamente. O MSF, que relatou isso à OMS em junho, disse que o surto poderia ter sido contido se fossem tomadas medidas imediatas, mas esses avisos foram novamente ignorados.

Quando no final de março do ano passado a MSF declarou pela primeira vez que havia um surto de Ebola sem precedentes, a OMS rejeitou a avaliação. A OMS finalmente declarou uma situação de emergência na saúde pública em 8 de agosto, levando a uma resposta internacional tardia.

O MSF classificou a resposta como uma "coalizão global para a inação" e disse que por volta do final de agosto teve de dispensar pacientes na Libéria, o que levou muitos a morrerem em suas casas ou nas ruas.

"Nós tivemos que tomar decisões terríveis sobre quem poderíamos atender", disse a coordenadora do MSF, Rosa Crestani, que trabalhava na unidade de Ebola da organização, em Monróvia, que só podia ser aberta por 30 minutos por dia por causa da grande demanda por leitos.

"Nós só podíamos oferecer cuidados paliativos muito básicos e havia tantos pacientes e tão poucos funcionários que a equipe tinha, em média, apenas um minuto por paciente. Foi um horror indescritível."

© Reuters. Homem em cemitério para vítimas do Ebola em Suakoko, na Libéria

O número de casos de Ebola caiu drasticamente este ano em Serra Leoa, Libéria e Guiné. Os presidentes dos três países anunciaram uma meta para chegar a zero casos de Ebola em meados de abril.

No entanto, a Guiné informou recentemente a duplicação de casos em um mês. Serra Leoa tem um bairro inteiro em quarentena e a Libéria anunciou na sexta-feira seu primeiro novo caso 16 dias após a última confirmação de um paciente com Ebola.

(Reportagem de Misha Hussain)

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