Por Chris Michaud
NOVA YORK (Reuters) - O quadro "Salvator Mundi", um retrato de Cristo pintado por Leonardo da Vinci, foi vendido pelo valor recorde de 450,3 milhões de dólares pela casa de leilões Christie's na quarta-feira, mais do que o dobro do preço de qualquer obra de arte já leiloada.
A pintura, redescoberta apenas recentemente, era a última obra de Da Vinci ainda em mãos particulares e arrecadou mais do que quatro vezes o valor estimado pela casa de leilões antes da venda, que havia sido previsto em cerca de 100 milhões de dólares.
A obra bateu o recorde estabelecido em maio de 2015 pelo quadro "Les Femmes D'Alger", de Pablo Picasso, vendido por 179,4 milhões de dólares, e representou mais da metade do total de vendas de 785,9 milhões de dólares, que ficou bem acima da estimativa anterior de cerca de 450 milhões de dólares.
"Salvator Mundi" (Salvador do Mundo) foi adquirido por telefone por um comprador não-identificado depois de uma disputa de quase 20 minutos na casa de leilões de Nova York.
Com ao menos seis participantes e incrementos para novos lances superando 15 milhões de dólares, exclamações de felicidade tomaram o salão quando a batida do martelo finalmente encerrou a disputa.
"Foi um momento no qual todas as estrelas se alinharam, e acho que Leonardo ficaria muito satisfeito", disse Jussi Pylkkänen, presidente global da Christie's, à Reuters após a venda.
"É uma pintura que vai além de tudo com que já lidei", afirmou o leiloeiro, acrescentando: "Eu deveria aposentar meu martelo".
A pintura restaurada, uma representação etérea de Jesus Cristo que data de aproximadamente 1500, é um dos menos de 20 quadros conhecidos do artista renascentista que ainda existem.
Registrada pela primeira vez na coleção particular do rei Carlos 1º, a obra foi leiloada em 1763 e ficou desaparecida até 1900, quando o rosto e o cabelo de Cristo haviam sido cobertos por outra pintura – uma prática "bastante comum" no passado, de acordo com Alan Wintermute, especialista senior de pinturas dos Velhos Mestres da Christie's.
Vendida na casa de leilões Sotheby's para um colecionador norte-americano em 1958 por apenas 45 libras, a pintura foi vendida novamente em 2005 como uma cópia excessivamente retocada da obra-prima.
O então proprietário iniciou um processo de restauração, e depois de cerca de seis anos de pesquisa o quadro foi autenticado como a obra de mais de 500 anos de Da Vinci, o que culminou em uma exibição de grande repercussão na Galeria Nacional de Londres em 2011.